segunda-feira, 30 de maio de 2016

Oito mentiras sobre o Impeachement que você provavelmente já ouviu

                                                  
                                                             
(FELIPPE HERMES - BLOG SPOTNIKS)
   Apenas seis meses separam o início do processo de impeachment e o afastamento de Dilma Rousseff da presidência. Durante este período, foram mais de 50 horas de debates com amplo direito de defesa, em uma comissão que ouviu mais de uma dezena de especialistas em Direito e Finanças Públicas, teve seu rito e constitucionalidade validados pelo Supremo Tribunal Federal, sua motivação validada pelo Tribunal de Contas da União e, após a conclusão, ainda permitiu os devidos questionamentos na Justiça. Um processo amplamente apoiado por entidades civis e validado por todas as instituições competentes, como a Ordem dos Advogados do Brasil. Ainda assim, para o governo trata-se de um claro golpe, um atentado à democracia. E os motivos usados para sustentar esta tese são os mais variados e fantasiosos possíveis.
    Nestes seis meses em que o processo se desenrolou, as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público avançaram a ponto de descobrir que a campanha que elegeu Dilma Rousseff e seu vice foram financiadas por meio de extorsão e caixa dois. Segundo a confissão de empresas como a construtora Andrade Gutierrez, obras como a hidrelétrica de Belo Monte renderam cerca de R$ 45 milhões em propinas. Nada disso, no entanto, é parte do processo – o que levará Dilma a perder o seu mandato talvez seja encarado, aos olhos da história, como o mais banal dos motivos: as pedaladas fiscais. De fato, atrasar repasses a bancos públicos e realizar empréstimos disfarçados passaria desapercebido em meio a uma dívida que chegou em fevereiro a R$ 4 trilhões, não fosse o fato que a crise econômica nos mostra de forma escancarada os efeitos de um governo que frauda suas contas para viver além das suas possibilidades.
    Daremos as costas para 2016 celebrando o terceiro ano consecutivo de déficit primário – e uma dívida de R$ 4,5 trilhões ao final do ano, ou 73% do PIB. Um PIB que encolherá apenas em 2016 cerca de 3,86%, segundo o Banco Central, levando nossa renda a chegar em 2021 no mesmo valor de 2010. Ao final deste processo, Dilma perderá seu emprego e todos os brasileiros quase 11 anos de desenvolvimento econômico – e isso para não citar as cerca de 10 milhões de pessoas que terão retornado à pobreza até 2018.
    Se a crise não é motivo relevante para cassar um presidente (e constitucionalmente, jamais deve ser), ela é uma amostra clara daquilo que ocorre quando passamos a tratar fraudes como as realizadas durante a gestão de Dilma como algo menor. Defender que pedaladas não são um ato criminoso, mas um mero desvio administrativo, é possivelmente o mais esdrúxulo dos mitos criados em torno do impeachment. Mas não é o único. Abaixo, listamos outros 7 deles.

1. “Se Dilma cair, 17 governadores também devem cair, pois cometeram pedaladas.”

    O termo contabilidade criativa tornou-se famoso no Brasil durante a gestão de Arno Augustin, secretário do Tesouro que por anos atuou ao lado de Guido Mantega, então ministro da Fazenda. Segundo inúmeros economistas na época, e formadores de opinião, Arno e Guido estariam melhorando as contas públicas do país por meio da realização de manobras contábeis. Quer um exemplo prático? Vamos lá. Imagine que o governo toma R$ 450 bilhões emprestados, colocando estes recursos no BNDES e passando a considerá-los como crédito. Ou seja: na teoria a dívida pública líquida não aumentou (entrou um passivo e outro ativo em igual valor). Some-se a isto o fato de que o BNDES passou a gerar mais dividendos e – boom! – segundo a contabilidade do governo as coisas ficaram ainda melhores ao se endividar.
    Manobras como essas são muito mais comuns do que parecem. Governos estaduais as praticam a todo instante. Deixa-se de pagar um fornecedor para que o valor das despesas não prejudique o orçamento do mês, ou mesmo do ano, e, segundo a contabilidade, tudo melhora.
Mas esse não é o problema aqui. Ao tentar confundir contabilidade criativa (em resumo, o ato de realizar manobras contábeis para dar uma sensação de melhora nas contas públicas) com as pedaladas/fraudes fiscais (o ato de realizar empréstimos ilegais junto a bancos de propriedade do próprio governo, o que fere a Lei de Responsabilidade Fiscal), busca-se banalizar o termo, como fez o ex-presidente Lula ao dizer que “todos praticam caixa dois” durante o mensalão de 2005.
   O erro neste caso não está apenas no fato de se considerar que o fato de 17 governadores cometerem crimes anularia o crime da presidente, mas em uma confusão sobre até onde vai a Lei de Responsabilidade Fiscal. Criada em 2000, a LRF aponta como crime o ato realizado junto a instituições financeiras de propriedade dos governos (no caso dos bancos estaduais, à exceção de três, todos os estados privatizaram os seus nos últimos 20 anos, não podendo, portanto, cometer este crime).
   Como você deve supor, no entanto, a contabilidade adotada pelos governos estaduais está longe de ser irretocável. A questão é: se não há crime de responsabilidade na realização de atrocidades contábeis, o mais correto no caso seria indicar mudanças na LRF ou maior rigor por parte de Tribunais de Conta dos estados. Jamais eximir Dilma de sua culpa. Ou sair contando mentiras estapafúrdias por aí, não é mesmo?

2. “Dilma pedalou para pagar programas sociais.”

    Numa amostra de como variam os argumentos anti-impeachment, a ideia de que Dilma pedalou para pagar programas sociais foi adotado logo após o governo admitir, enfim, as pedaladas e anunciar que iria pagá-las até o final do ano (o que foi feito com recursos de uma conta do Banco Central que, segundo alguns economistas, deveria ter outra finalidade).
    Os mais de R$ 72 bilhões pagos pelo governo aos bancos públicos, segundo o argumento acima, foram destinados a cobrir rombos com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil no pagamento de programas sociais, como o Bolsa Família, o Seguro Desemprego e o Seguro Safra. Dilma teria fraudado as contas não para maquiar a situação e reeleger-se presidente, mas para garantir que os mais pobres tivessem acesso aos recursos de que necessitavam.
    A nova versão da história, no entanto, não durou um mês. Como apontou o Contas Abertas, os recursos das pedaladas cobriram em sua grande maioria os repasses ao BNDES, banco conhecido por receber recursos que custam 14,25% ao governo – que decide então emprestá-los a grandes empresas por juros de 6,5%. A diferença neste caso deveria ser paga pelo governo. Vinha, no entanto, sendo paga pelo banco, o que configurou a pedalada.
Por volta de 30% dos recursos das pedaladas até 2014 destinavam-se ao BNDES, enquanto 15% tinham como objetivo o pagamento do Bolsa Família.

3. “O TCU nunca julgou pedaladas como crime de responsabilidade.”

    O parecer do Tribunal de Contas da União reconhecendo as pedaladas/fraudes fiscais como crime de responsabilidade foi unânime. Pela segunda vez em quase 80 anos, o tribunal não aprovou as contas de um governo. Ainda assim, segundo muitos, o caso foi inédito e atípico, uma vez que em outras ocasiões o mesmo tribunal não reconheceu as pedaladas como crime.
Para entender a decisão do TCU, porém, é preciso distinguir as pedaladas/fraudes daquilo que sempre ocorreu nas contas do governo em bancos públicos. Como mostra o relatório do ministro Augusto Nardes, ao contrário do que ocorreu entre 2000 e 2013, a diferença entre o que foi pago pelos bancos e o valor pago pelo governo aos bancos, deixou de ser um mero erro de cálculo para se tornar uma prática comum, com efeitos contábeis relevantes.
    Em resumo, Lula e FHC erraram nos valores repassados aos bancos públicos (para mais ou para menos), por preverem de forma errônea quantas pessoas iriam sacar tais recursos nos bancos. Dilma, por outro lado, deixou de repassar recursos aos bancos para manter recursos em caixa e desta forma melhorar a própria contabilidade pública
Definitivamente, como o gráfico acima mostra, não se trata de apenas um erro de cálculo.

4. “Querem derrubar uma presidente democraticamente eleita.”

    Um pedido a cada três meses durante uma década. A média de pedidos de impeachment realizados apenas pelo partido do governo, o PT, durante os anos 90, enquanto era oposição, não deixa dúvida de que o processo de impeachment, apesar de constitucional, deve ser sempre utilizado com cautela.
Dentre os 50 pedidos realizados por Lula, José Dirceu e demais dirigentes petistas, encontram-se todos os presidentes eleitos e os que tomaram posse desde a redemocratização, de José Sarney a Fernando Henrique Cardoso.
   Regulado pela lei 1079/50 na Constituição Federal, o impeachment é um instrumento mundialmente consagrado para garantir a remoção de governantes que se excederam no cargo, cometendo os crimes citados na respectiva lei. Por se tratar de um argumento previsto em lei, portanto, é pré-requisito para o seu cumprimento que o presidente em questão tenha sido eleito pelas leis do país – ou seja, tenha sido democraticamente eleito.
E embora soe estranho ter que afirmar algo tão evidente, nenhum ditador, por mais benevolente que seja, permite a seus cidadãos realizarem um processo de impeachment. Apenas presidentes democraticamente eleitos podem ser democraticamente destituídos. Pela lei. Como Dilma está sendo.

5. “Temer não pode assumir pois não foi eleito.”

    Pode parecer absurdo, mas durante boa parte do período republicano brasileiro, presidente e vice-presidente foram eleitos de forma independente. Por décadas, foi possível eleger um presidente de um partido e um vice do partido de oposição.
Os inerentes conflitos gerados por esta prática levaram a adoção de um modelo mundialmente referenciado, em que a candidatura presidencial ocorre por meio de chapas, com presidente e vice indicados (ambos podendo ser de partidos distintos, uma vez que estes partidos concordem em formar uma coalização de governo).
    Michel Temer, portanto, recebeu os exatos 54 milhões de votos de Dilma Rousseff, dos mesmos eleitores que democraticamente elegeram Dilma. A presença de Temer, presidente do partido de maior base no Congresso Nacional, e responsável pela maior base de prefeituras e filiados do país, não apenas contribuiu com um nome para a chapa, mas com recursos, tempo de televisão e militantes, sem os quais a própria candidatura de Dilma Rousseff estaria provavelmente condenada a um retumbante fracasso. Temer, portanto, não apenas foi eleito democraticamente com Dilma Rousseff, mas seu partido é possivelmente o maior responsável por elegê-la (em especial, garantindo vitórias em estados como o Rio de Janeiro, onde a vitória de Dilma deu-se por larga vantagem graças ao seu apoio).
    Talvez você, eleitor da presidente, não tenha se tocado disso, mas havia a imagem de Michel Temer na urna eletrônica. E ela não estava ali a toa: uma das poucas atribuições constitucionais do vice presidente de um país é substituir um presidente em caso de morte/doença, renúncia ou impeachment. Ou seja: foi você quem referendou esse cenário.

6. “Eduardo Cunha será o vice de Michel Temer.”

    Passadas as tentativas de deslegitimar o motivo do impeachment e o sucessor natural de Dilma, os boatos começaram a se espalhar a respeito do próprio governo Temer. Senadores da República passaram a atacar o governo Temer pela sua suposta escolha de ministros, por prever acabar com programas sociais (os mesmos que sofreram cortes no governo Dilma Rousseff), e pelos mais variados motivos.
Até então, presidente da Câmara dos Deputados e, portanto, o responsável por acatar o pedido de impeachment de Dilma, Eduardo Cunha foi acusado de estar mancomunado com Michel Temer para que ambos derrubassem Dilma e desta forma Temer se tornasse presidente, com Cunha como vice.
O boato, porém, não possui fundamento na própria Constituição, que diz que os presidentes da Câmara e do Senado não podem suceder um presidente ou vice democraticamente eleito, mas apenas substituí-los em caso de viagem ao exterior
   Segundo a mesma Constituição Federal, portanto, mesmo que Michel Temer sofra um impeachment, nem Eduardo Cunha (atualmente afastado), nem Renan Calheiros assumiriam o cargo, pois dentro de 90 dias deveriam ser convocadas novas eleições. No período, o presidente seria apontado por eleição indireta da Câmara.
Na prática, ninguém será vice de Temer.

7. “O impeachment não é legitimo pois foi instaurado e aprovado por um Congresso corrupto.”

    Muito além de pretender anular o crime alegando que os atos da presidente são semelhantes aos dos demais governantes, os mitos criados em torno do impeachment enfocam também o fato de que, como é de conhecimento geral, nosso Congresso é corrupto. Cerca de 60% dos deputados que julgaram Dilma na comissão do impeachment, por exemplo, possuem processos.
O fato, no entanto, em nada diz respeito ao julgamento da própria presidente. Seus aliados, como os senadores Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, ou o senador Renan Calheiros, também possuem processos ou são investigados. Não há, portanto, uma distinção entre aqueles que possuem processo e os que não possuem, baseado no fato de apoiarem ou não Dilma.
    Ao contrário do que ocorre em uma corte de Justiça, os deputados não podem cassar Dilma ou lhe imputar qualquer pena (o processo de cassação cabe apenas aos senadores). Cabe aos deputados apenas determinar a abertura do processo de impeachment.
   Há pouco mais de duas décadas, o processo de impeachment contra Collor, apoiado por nomes como Jair Bolsonaro, José Serra, Aécio Neves, Aloizio Mercadante e Jandira Feghali, não deixou de ser reverenciado pela história, ainda que o Congresso fosse composto por uma horda de bandidos (acredite, a corrupção não é novidade no Brasil).

8. “Tirar a Dilma não irá acabar com a corrupção.”

   Insistindo novamente na ideia de que os crimes são comuns e que, portanto, não devemos julgar certas transgressões, inúmeros são os que alegam que o processo de impeachment não terá o fim pretendido pelas manifestações, notoriamente contra a corrupção.
Pode parecer absurdo, mas a alegação possui uma segunda intenção: a de sancionar que apenas uma reforma política poderá combater a corrupção. E quem irá lidar esse processo reformista? Acertou quem apostou na base do governo.
   A ideia de reforma política é, já há algum tempo, um ponto central para o Partido dos Trabalhadores e organizações de classe ligadas a ele. Acabar com o financiamento privado de campanha, por exemplo, é ironicamente uma proposta com grande apelo dentro do partido que mais recebeu recursos de empresas privadas para campanhas presidenciais na história. Como as investigações da Polícia Federal mostram, no entanto, boa parte das doações recebidas pelo PT, e de seus partidos periféricos, são ilegais. Ou seja: a mudança na lei aqui apenas favoreceria quem possui maiores condições de extorquir as empresas (e, veja só, ninguém consegue fazer isso melhor do que quem já está no poder).
  Exemplos como este mostram como reformar a política segundo a vontade de quem “está ganhando” não é algo tão simples – e também não acabará com a corrupção.
A ideia pouco objetiva de entregar o futuro da política aos mesmos que hoje acusamos de corrupção é tentadora, uma vez que é público e notório que as regras atuais não impedem a corrupção. Como isto será feito, porém, é exatamente o que define como as coisas irão mudar. Entregaremos poder aos políticos na esperança de que eles terminem com menos poder? Pouco provável.
   Mais improvável ainda é ver triunfar movimentos sem causas objetivas. O impeachment de Dilma, uma causa mais do que objetiva, demonstra como a República Presidencialista, ao contrário daquilo que se pensava há duas décadas, é instável e, por vezes, danosa às instituições de um país com tantos problemas como o nosso. Como consequência, a criação de um modelo parlamentarista, onde por obrigação a autoridade máxima do país governa por maioria no congresso – e sua deposição é simples e rápida, com a convocação de novas eleições – parece ser a solução mais inteligente a curto prazo.
  A queda de Dilma, como você deve imaginar, não acabará com a corrupção. Mantê-la no governo, porém, tornará as fraudes fiscais aceitáveis, pondo em risco novamente a própria gestão pública e a economia do país. 
  Em suma, Dilma deve cair pelo que fez. Não é matéria da lei do impeachment propor a solução de todos os problemas do país. Nem no Brasil, nem em qualquer outro lugar do mundo. O impeachment serve para penalizar quem cometeu crimes contra a administração pública. É assim que a lei funciona em países que respeitam suas instituições.
  E é por cometer crimes contra a administração pública que Dilma está caindo. Sem desculpas esfarrapadas, sem mentiras. sem ilusão. Em suma: sem golpe.

domingo, 29 de maio de 2016

Não, Dilma não foi eleita democraticamente

                                                                       
                      (RODRIGO DA SILVA - BLOG SPOTNIKS)
  

    Imagine que há mais de cem mil cargos de confiança. 1/4 disso é o crème de la crème, os chamados cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS), o grande filé que todos aqueles seus companheiros sonham. A caneta é sua aqui. Em pouco tempo você irá perceber que lotear todos esses cargos premiando seus filiados é a mesma coisa que influenciar a distribuição de recursos – ou seja, favorecer aliados ou regiões que lhe permitiram alcançar aquela cadeira, alimentando não apenas a sua própria posição enquanto líder de grupo, mas aumentando o poder do seu partido. Não é de se espantar que tanta gente busque carreira na política, não é mesmo? Há uma imensa vaca gorda na sua frente jorrando leite, sustentada através do dinheiro de milhões de pessoas. Que um grupo de sujeitos se organize para abocanhar a maior parte disso tudo, incentivado por seus próprios interesses – como, aliás, em qualquer outra área de atividade humana – não chega a ser uma grande surpresa.
    Como alcançar o controle dessa máquina de fazer dinheiro e poder? Através do voto, num concurso de ideias aberto a milhões de pessoas. Esse é o alicerce da democracia representativa: você se inscreve numa competição com outros candidatos em poder de igualdade, prometendo soluções e desconstruindo as ideias apresentadas por seus competidores, e então torce para que a maioria das pessoas depositem suas confianças numa foto três por quatro sua numa urna eletrônica. Todos aqueles caras que formam a sua base saem por aí influenciando o resultado final.
Foi exatamente nesse cenário que a presidente Dilma foi eleita na última grande corrida à maquina. Com um porém, no entanto: fraudando a lógica do concurso.
    Não existe muito mistério daquilo que se entende como eleição democrática. Democracia é um regime político onde todos os cidadãos com poder de voto participam com o mesmo peso na elegibilidade dos candidatos com as melhores propostas. Acontece que quando um político surge pincelando um retrato torto da realidade, prometendo soluções impossíveis, ignorando o mundo real, omitindo informações e maquiando dados oficiais de sua própria gestão, sua eleição se dá exclusivamente através de um estelionato, um golpe realizado à luz da democracia, construído para arrebatar milhões de incautos. E nesse cenário tudo é possível – a eleição abandona a natureza daquilo que é real para abraçar o mundo da fantasia, e a discussão política vira mera obra de ficção, literatura fantástica. Uma fraude.
    De fato, como parece inegável nesse momento, não foram as ideias e propostas de Dilma as responsáveis por elegê-la. Dilma foi eleita graças a uma releitura fraudulenta da realidade de seu governo e de seus adversários. Em sua propaganda, Aécio era um filhinho de papai, machista, que cheirava cocaína, batia na mulher, arriscava retirar direitos sociais, defendia que os jovens estivessem na cadeia ao invés das escolas, ameaçava a democracia, defendia a escravidão, o genocídio da juventude negra e pregava ódio contra os nordestinos. Marina Silva não deixava por menos – era uma serviçal dos interesses dos banqueiros, tinha desvio de caráter, ameaçava tirar comida da mesa dos mais pobres e acabar com os programas sociais, era simpática à ditadura militar e cumpria um script que logo a transformaria numa versão feminina de Fernando Collor.
     E não apenas isso. Para Dilma, que entra para a história como a responsável por conduzir os piores números de crescimento econômico em toda era republicana, o país atravessava um grande momento e quem dissesse o contrário praticava o mero exercício de pessimismo. Numa entrevista à Valor durante as eleições, a então candidata dizia que o Brasil iria bombar em 2015 – mesmo que a realidade apontasse para o caminho contrário.“É absurda a previsão de que o Brasil vai explodir em 2015. É um país estável, economicamente forte, uma economia sólida, um baita agronegócio. O Brasil vai bombar.”Também dizia que não aumentaria os impostos, nem a taxa básica de juros, nem a inflação – medidas frontalmente desmentidas pouco tempo após o resultado eleitoral. Além disso, assegurava manter todos os direitos trabalhistas (nem que a vaca tussa”), o emprego e a renda. Novas regras no acesso a benefícios previdenciários, no entanto, adotadas ainda em 2014, aumentariam o tempo de trabalho para requerer o seguro-desemprego e a pensão por morte. Não bastasse, o Brasil se tornaria líder em desemprego no mundo (podendo ter quase 1 em cada 5 novos desempregados do planeta em 2017, segundo a Organização Mundial do Trabalho), e viu a renda média da população despencar 7,4% em 2015, reduzindo o poder de consumo de 9 em cada 10 brasileiros.Dilma também prometia ampliar o acesso à saúde e transformar o país numa Pátria Educadora. Seu governo, porém, não demoraria muito tempo para realizar cortes bilionários em ambos os setores – apenas em 2015 foram 32% na saúde e 10% na educação (e isso pouco a intimida, pelo contrário – nessa semana, Dilma voltou a acusar Michel Temer de planejar, assim como ela, fazer cortes nessas pastas). Com o FIES, praticou estelionato eleitoral clássico para angariar o voto dos mais jovens: cortou o programa pela metade assim que foi eleita.E angariar votos omitindo e falsificando informações oficiais, enganando parte considerável do eleitorado e fraudando a lisura do processo democrático, não seria o bastante. Dilma foi além: usou a própria máquina pública, monopolizada em sua campanha, para obter vantagens injustificadas na corrida eleitoral. Foi isso que acusou o Tribunal de Contas da União, apontando irregularidades no uso dos Correios, que em 2014 viabilizou a entrega, sem chancela ou comprovante de postagem, de ao menos 4,8 milhões de santinhos seus. A presidente também vem sendo sistematicamente acusada de ter praticado caixa dois, recebendo dinheiro ilegal de empreiteiras para dar um gás em sua campanha em troca de obras públicas superfaturadas. Eleita com 38% dos votos totais, Dilma emplacou seu segundo mandato presidencial deturpando a lógica do processo democrático: usando da máquina pública para obter vantagens ilegais sobre seus adversários; praticando caixa dois de campanha; aumentando em mais de 800% os gastos com propaganda oficial do Minha Casa, Minha Vida, carro-chefe de sua candidatura, às vésperas da eleição; denegrindo as acusações da Lava Jato como mero terrorismo eleitoral”, fingindo que sua administração não tinha nada a ver com os descasos na Petrobras; mentindo deliberadamente a respeito do cenário em que o país vivia e sobre os projetos que articulava, inventando factoides de cunho pessoal e conspiratório para denegrir seus adversários, tratando toda oposição como mero resultado da maquinação das elites contra o povo brasileiro e emburrecendo o debate político. Passados quase dois anos de sua eleição, sobra pouca coisa de factual e sólida a respeito de quem se apresentava para receber os votos da população. Dilma é um resultado do marketing político. Sua figura em campanha e no exercício do poder são dois seres absolutamente distintos, que se enlaçam apenas na falta de respeito pela coisa pública. A primeira foi eleita para governar a terra encantada do nunca. A segunda alcançou o poder rasgando a lógica que rege a democracia. Ambas cairão de mãos dadas para o esgoto da história.



sábado, 28 de maio de 2016

Eles apoiam Dilma publicamente. E estrelaram projetos que receberam verbas públicas


                                                    (RODRIGO DA SILVA e FELIPPE HERMES- BLOG SPOTNIKS)

      Eles defendem o governo federal na televisão, nas redes sociais, em palanques e propagandas oficiais. Trazem a arte e parte da opinião pública para o coração da urna eletrônica; potencializam através de suas posições o discurso oficial: são os artistas tupiniquins que apoiam Dilma Rousseff publicamente.
Na última eleição, eles chegaram a assinar um manifesto em defesa da candidatura da presidente Dilma. O texto, que pode ser acessado nessa página, contou com o apoio de figuras ilustres – rostos que identificamos com facilidade na televisão, vozes que reconhecemos sem pestanejar na música. Embora movimentem e formem a opinião de incontáveis seguidores, parte dessas figuras, no entanto, está longe de desempenhar um papel isento em relação ao governo federal: estrelam campanhas publicitárias do governo, recebem apoios culturais, fazem parte da própria administração federal. Embora, evidentemente, nada disso seja ilegal.

1) Camila Pitanga

Camila Pitanga é uma estrela da televisão brasileira. Mais do que isso – é uma das nossas artistas mais engajadas quando o assunto em questão é política. Diretora do Movimento Humanos Direitos – grupo que conta com a participação de artistas como Wagner Moura, Letícia Sabatella, Osmar Prado e Vanessa Giácomo – Camila é envolvida diretamente com a política ao menos desde os 15 anos, quando se filiou ao Partidos dos Trabalhadores. No ano passado, repetindo o que fez nas últimas eleições, lançou apoio público ao PT na disputa à presidência.
Mais do que estrela de novela, nos últimos anos Camila se tornou também uma estrela da propaganda brasileira – mais especificamente da Caixa Econômica Federal. Entre 2012 e 2013, a atriz foi figura carimbada nos comerciais do banco. Durante o período em que esteve à frente das peças publicitárias da instituição, a Caixa Econômica Federal ultrapassou a Ambev e se tornou o 3º maior anunciante do mercado brasileiro, com um crescimento de 58% do valor aplicado em mídia durante o período – um gasto de R$ 676,5 milhões. Seguindo seus passos, a Nova/SB, agência responsável pela campanha, teve um crescimento expressivo de 108% no período. O cachê recebido por Camila Pitanga? Uma incógnita. A instituição pública afirma que o valor é uma informação “estratégica”.


Amparada pelo forte investimento da Caixa Econômica Federal, Camila teve presença cativa no dia a dia do país: apareceu em 7.336 inserções dos intervalos da programação televisa em 2012. Nenhuma celebridade esteve à frente dela no período. Nem Neymar, nem Ronaldo, nem Gisele Bündchen.
Em 2013, a atriz viu o governo federal aumentar em mais de 800% os gastos com propaganda do Minha Casa, Minha Vida, ligado à Caixa Econômica Federal, se tornando um dos principais rostos daquele que era visto como a grande cartada para as eleições do ano seguinte – em 2011, o banco gastou R$ 261 mil para divulgar o programa; em 2012, o montante subiu para R$ 1,7 milhão; em 2013, apenas entre janeiro e julho, a instituição já havia destinado R$ 15,7 milhões para essa finalidade, um aumento superior a 6.000% durante o período.
Como não haveria de ser diferente, as ações chamaram a atenção da justiça. Durante a 11ª fase da operação Lava-Jato, a Polícia Federal anunciou investigar indícios de irregularidade nos contratos publicitários da Caixa.
“O Ministério da Saúde e a Caixa Econômica contratam uma empresa de publicidade. Ela subcontrata empresas em que o Leon e o André são sócios. Essas empresas não existem fisicamente e recebem um percentual equivalente a 10% do contrato firmado com a empresa principal. Então, nos leva a crer que, provavelmente, seja um percentual a ser desviado para agentes públicos”, explicou o delegado federal Igor Romário de Paula.
A relação de Camila Pitanga com a instituição, porém, não se prende apenas com a publicidade oficial. Em 2013, em sua volta para os palcos, Camila estrelou a peça “O Duelo”, com direção de Georgette Fadel. A produção recebeu a aprovação de R$ 2.454.451,12 pela Lei Rouanet (Nº Projeto 126378), dos quais R$ 1.800.000,00 foram captados pela Caixa Econômica Federal.
Se houvesse um rosto publicitário para o primeiro mandato de Dilma, ele certamente seria o de Camila Pitanga.

2) Antônio Pitanga

Antônio Pitanga, pai de Camila Pitanga, é casado com Benedita da Silva, ex-governadora do Rio de Janeiro pelo Partido dos Trabalhadores e atual deputada federal. Antônio – que assim como a filha também é ator – foi vereador na década de 90 e Secretário de Estado de Assistência Social, Esporte e Lazer, no Rio de Janeiro, pelo Partido dos Trabalhadores. Histórico militante do PT carioca, Antônio verá sua vida tomar as telonas nos próximos anos, num documentário dirigido por sua própria filha.
“Quero retratar o artista que meu pai é e mostrar toda a sua genialidade. Ele sempre foi uma liderança muito importante, teve, inclusive, que se exilar na época da ditadura”, afirma Camila.
O filme, “Pitanga”, teve R$ 1.257.102,00 aprovados pela Ancine, dos quais R$500.000,00 já foram captados pelo BNDES.

3) Marieta Severo

Marieta Severo causou comoção na grande rede após rebater as críticas de Faustão ao governo federal, há poucas semanas. Militante do Partido dos Trabalhadores, a atriz fez parte do coro que cantou o jingle “Lula Lá” durante o horário eleitoral gratuito em 1989, quando era casada com Chico Buarque, e assinou o manifesto em apoio à Dilma no ano passado.
Em 2005, ao lado de Andréa Beltrão, Marieta inaugurou o Teatro Poeira, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro (CNPJ 06.335.768/0001-00). Desde então, vem recebendo grandes quantias de dinheiro público para sustentar seu empreendimento. O Poeira viu ser aprovado pela Lei Rouanet, R$ 1.243.760,00 (Nº Projeto 061276), em 2006, dos quais R$ 170.000,00 foram captados pela Eletrobras; R$ 1.024.100,00 (Nº Projeto 069639), em 2007, dos quais R$600.000,00 captados pela Petrobras; R$ 746.196,00 (Nº Projeto 084447), em 2008 e 2009, dos quais R$700.000,00 captados pela Petrobras; R$ 1.178.127,00 (Nº Projeto 101107), em 2010 e 2011, dos quais R$480.00,00 captados pela Petrobras.
A estatal também patrocinou o Teatro Poeira em outras ocasiões. O empreendimento de Marieta Severo recebeu da Petrobras exatos R$400.000,00 em 2012 (contrato 4600371639), R$400.000,00 em 2013 e 2014 (contrato 4600419492) e R$400.000,00 em 2015 (contato 4600490199). As informações estão disponíveis nesse documento.

4) Aderbal Freire-Filho

Aderbal Freire-Filho, namorado de Marieta Severo desde 2004, também fez parte do manifesto em defesa de Dilma no ano passado. Há pouco tempo, Aderbal dirigiu a peça “As Centenárias”, tendo Marieta Severo no papel principal. A peça viu R$ 908.670,00 ser aprovado pela Lei Rouanet (Nº Projeto 085885), em 2009, dos quais R$ 400.000,00 captados pela Petrobras. “As Centenárias” também captou pela Lei Rouanet outros R$500 mil (Nº Projeto 069637) e outros R$300 mil (Nº Projeto 106665), ambas ações patrocinadas pelo Bradesco.
Aderbal também dirigiu a peça “O Púcaro Búlgaro”, que ficou em cartaz no Teatro Poeira. A produção viu R$ 512.420,00 ser aprovado pela Lei Rouanet (Nº Projeto 060834), dos quais R$ 200.000,00 foram captados pela Eletrobras.

5) Paulo Betti 

Paulo Betti é um grande defensor do PT e do governo Dilma, com quem esteve presente em julho. Além de ator, assim como Marieta, também administra um empreendimento cultural.

A Casa da Gávea é uma instituição cultural privada no Rio de Janeiro, ativa na Receita Federal através do CNPJ 68.599.596/0001-21 e que tem Paulo Betti como presidente. A organização já recebeu diversos repasses de dinheiro público nos últimos anos. Através da Lei Rouanet foram R$ 732.579,26 aprovados em 2003, no primeiro ano do governo Lula (Nº Projeto 035039), dos quais R$ 499.200,00 captados pela Petrobras; R$ 999.945,00 aprovados em 2006 (Nº Projeto 057945), dos quais R$ 150.000,00 captados pela Petrobras; e R$ 723.911,00 aprovados em 2007 (Nº Projeto 076508), dos quais R$ 360.000,00 captados pela Petrobras.
Quando Paulo Betti estreou na direção de musicais, com a produção “A Canção Brasileira”, a peça recebeu a aprovação de R$ 895.120,00 da Lei Rouanet (Nº Projeto 044024), dos quais R$ 526.963,00 foram captados: R$ 373.963,00 da Eletrobras, R$ 80.000,00 dos Correios e R$ 40.000,00 da Eletrobras Furnas.
Por fim, o ator viu o Ministério da Justiça (Convênio Nº 756166/2011) conceder R$ 388.244,64 para a peça “À Prova de Fogo”, recomendada por José Dirceu:
“À Prova de Fogo” foi escrita em 1968, por uma grande e talentosa amiga, a dramaturga Consuelo de Castro, e narra a história de luta e resistência contra o poder militar no país. Imaginem, portanto, o seu impacto naqueles anos, no calor dos acontecimentos do movimento estudantil e da repressão. Censurado, o texto de Consuelo foi encenado clandestinamente e sua mensagem reforçava o ânimo na luta e na resistência ao regime, além de impactar a sociedade brasileira. Não deixem, portanto, de prestigiar as apresentações da Casa da Gávea e conheçam mais sobre o excelente projeto de formação artística dessa nova geração de atores no país.”
Você acessa o convênio do Ministério da Justiça com a Casa da Gávea clicando aqui.

6) Beth Carvalho

Beth Carvalho é reconhecida por sua visão política. Antiamericana, chegou a afirmar que a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos quer acabar com o samba:
“A CIA quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura.”
A sambista também é inequívoca defensora do regime venezuelano.
“Chávez é um grande líder, é uma maravilha aquele homem. Ele acabou com a exploração dos Estados Unidos. Onde tem petróleo estão os Estados Unidos. Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, que é o foco dos Estados Unidos porque surgiu um líder eleito pelo povo. Houve uma tentativa de golpe dos americanos apoiada por uma rede de TV.”
Filiada ao PDT, Beth Carvalho apoiou Lula em todas as suas campanhas presidenciais e integrou o coro do jingle “Lula Lá” em 1989. Também apoiou Dilma nas duas últimas eleições.
Ao lançar o CD e DVD Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia, teve R$ 1.664.129,00 aprovados pela Lei Rouanet (Nº Projeto 063306), dos quais R$ 832.000,00 captados pela Petrobras.

7) Sérgio Mamberti

Sérgio Mamberti é um histórico aliado de Dilma e Lula. Filiado ao Partido dos Trabalhadores, o ator passou a ocupar diversos cargos no Ministério da Cultura, assim que Lula assumiu a presidência do país. Mamberti atuou por diversas secretarias até conquistar a presidência da FUNARTE.
Durante o período em que atuou como funcionário público, o ator custou R$ 630.427,44 aos cofres públicos, entre passagens, diárias e restituições, segundo dados do Portal da Transparência. Após deixar o MinC, em 2013, o ator subiu novamente aos palcos dos teatros e nos palanques políticos.
Durante a campanha presidencial do ano passado, declarou voto em Dilma como uma das ilustres figuras artísticas do país. Mais tarde, durante os protestos pró-impeachment que sucederam a corrida eleitoral, o ex-secretário convocou a militância petista para defender a presidente e insinuou um clamor pela volta dos black blocs para bagunçar o que ele chamou de “convescote de rico”.
Para artistas politicamente engajados como Sérgio Mamberti, aparentemente “convescotes de ricos” só são justificados quando bancados por dinheiro público.


8) Chico Buarque

Consagrado como cantor e compositor, Chico Buarque é figura carimbada em 10 entre 10 manifestos ou cartas de apoio à presidente Dilma. Anti-impeachment, Chico assinou, entre outras coisas, o manifesto em apoio ao ex-deputado e condenado pelo mensalão José Genoíno.
Suas relações com o governo são relativamente próximas. Sua irmã, Ana de Holanda, já foi ministra da Cultura, por exemplo. Mais próxima ainda é a relação de Chico com a Lei Roaunet e a Agência Nacional do Cinema, a Ancine. Seu irmão, Lula Buarque, recebeu autorização da ANCINE para captar R$ 10 milhões para gravar o filme baseado no livro “Leite Derramado” (do próprio Chico). Sua namorada, Thaís Gulin, recebeu da Lei Rouanet autorização para captar R$ 801 mil para produzir seu terceiro CD (projeto 138444), além da sua turnê. O documentário sobre Chico, “Chico: O Artista e o Tempo”, por sua vez, recebeu outros R$ 4 milhões de autorização através da Ancine, sendo parte do valor destinada a pagar direitos autorais.
Chico não utiliza verba da Rouanet para seus shows ou discos. Os recursos, porém, estão nas mais diversas obras que cercam o cantor, como a tradução de seu livro para o coreano, que levou outros R$ 7 mil em patrocínio da Biblioteca Nacional.

9) Wagner Moura


Estrela em ascensão em Hollywood e no mercado americano, Wagner Moura não abandono o cinema nacional, onde se consagrou como o Capitão Nascimento, de Tropa de Elite. Através da O2, produtora do cineasta Fernando Meirelles, Wagner deve estrear em breve como diretor. A obra? “Marighella”.
Recentemente, o ator – e agora diretor -, mostrou o quão polêmico deve ser o filme, declarando que “a direita burra achará que Marighella foi um terrorista”. Marighella como se sabe, foi um revolucionário brasileiro, autor do livro “Mini-manual do guerrilheiro urbano”, onde declara que “o terrorismo é uma arma que o guerrilheiro urbano não pode abandonar”.
Moura faz parte do recém instaurado “Conselhão” da presidente Dilma, que envolve sindicalistas, empresários e artistas. O ator é conhecido pelo seu apoio constante a candidatos do PSOL, em especial ao deputado Marcelo Freixo. O ator também já declarou considerar o movimento de impeachment um “maniqueísmo”, “movimento de elite, de gente branca”, além da sempre presente acusação de golpismo.
Seu filme sobre Marighella deverá contar, além do apoio do governo petista da Bahia, com R$ 10 milhões em autorizações da Ancine para captar recursos, sendo R$ 3 milhões em investimento direto da agência.

10) Gregório Duvivier


O ator e comediante Gregório Duvivier ganhou projeção com o lançamento do canal do youtube “Porta dos Fundos”. Com a fama, tornou-se também colunista do maior jornal do país, a Folha de São Paulo. Em sua coluna, Gregório costuma criticar movimentos a favor do impeachment e aquilo que ele entende como “golpismo” de uma direita burra e autoritária. Recentemente, o ator chegou à conclusão, em uma entrevista para a TV Portuguesa, de que “querem tirar Dilma para roubar mais”.
Há pouco tempo, Gregório teve alguns de seus tweets antigos expostos em uma coletânea que mostra toda sua opinião num período onde, para se dizer o mínimo, ele não era um entusiasta do governo Dilma. Em um deles, por exemplo, o comediante diz achar “que o filme do Lula não ganha o Oscar” porque “os jurados não vão aceitar Bolsa-Família”.
Recentemente, Gregório foi chamado para escrever crônicas e fazer vídeos com o intuito de “motivar” os funcionários do Banco do Brasil. O valor não foi revelado.

11) Flávio Renegado


Para o rapper Flávio Renegado, os cerca de 1 milhão de manifestante que frequentaram os protestos na Avenida Paulista são “membros da Ku Klux Klan que batem panela”. A declaração, igualando os manifestantes brasileiros aos membros da organização racista que defende a supremacia branca fundada nos Estados Unidos, foi feita durante a apresentação do Criança Esperança 2015, na Rede Globo.
Em outra oportunidade, ao lado de Lula no palanque, o rapper acusou o candidato Aécio Neves de cheirar cocaína, evocando uma multidão que sob a complacência de Lula, em plena campanha eleitoral, decidiu gritar acusando o candidato adversário de ser usuário de drogas. Flávio também gravou um vídeo em apoio à candidata Dilma Rousseff.
O rapper recebeu autorização para captar recursos para a turnê de seu primeiro DVD, que percorreu 8 capitais. Os recursos autorizados somam R$ 389 mil (projeto 151644).

12) Jô Soares


O humorista e apresentador Jô Soares tem se destacado pelas opiniões favoráveis ao governo e, em especial, à presidente Dilma. Jô, que comanda um quadro especial em seu programa para debater política ao menos uma vez na semana, já utilizou seu espaço na TV para declarar entre outras coisas que “José Dirceu é um homem de uma biografia inconstável”, e que não se pode pré julga-lo a despeito de Dirceu ser condenado por formação de quadrilha no processo do Mensalão.
Quando o assunto é Dilma, porém, Jô vai mais longe. Em um de seus programas, no auge da crise de popularidade enfrentada por Dilma, o comediante foi até o Palácio do Planalto entrevistar a presidente. O apoio de Jô à Dilma também rende opinião como as de que segundo o apresentador “paga-se pouco imposto no Brasil, visto que o país ainda precisa crescer bastante”.
Como diretor de teatro, Jô pode contar com o apoio de leis como a Rouanet, que o autorizaram a captar R$ 1,9 milhão para produzir a peça Troilo e Cressida, obra do escritor britânico William Shakespeare.



Entre 2003 e 2014, as autorizações para a captação de recursos apenas pela Lei Rouanet atingiram R$ 61,27 bilhões. Os valores captados efetivamente, entretanto, são mais modestos: R$ 15,758 bilhões. Deste valor, em 2014, por exemplo, nada menos do que 50% ficaram com apenas 3% dos proponentes. Ainda que todos estes valores sejam legais, é natural que qualquer pessoa se questione até onde tamanha quantidade de recursos é capaz de formar a opinião daqueles que vivem de formar opinião.

*com a colaboração de Leônidas Villeneuve

Desmascarando um palhaço jiteiro


  Mês passado,um internauta anônimo pediu que comentássemos o seguinte vídeo:



   
  Pode parecer óbvio chamar esse vídeo de ridículo - o que,vindo da quadrilha Gracie,não é ridículo,sujo ou ilegal ? - mas esse rótulo acaba sendo mais do que merecido à medida em que se desenrola esse lixo. Começa enaltecendo o oponente,"um expert que possui 15 anos de prática de Kung Fu" , "diz nunca ter sido derrotado" e "tem 15 libras (aproximadamente 7 kilos) de vantagem sobre meu irmão Royce". Quinze anos de Kung Fu fazem de alguém um "expert"? Para um retardado mental Gracie sim. Não interessa se o cara tem 3 ou 4 horas de aula por semana - às vezes nem isso - e nem se realmente é orientado por um verdadeiro mestre de Kung Fu ao invés de um picareta: se um canalh...digo,um Gracie falou,tá falado! O festival de merda continua com a afirmação "é quase impossível para alguém treinado primariamente em socos e chutes evitar ser agarrado e derrubado por um praticante de 'Jiu-Jitsu Gracie'. Vamos por partes:
 1) A área de ação do grappler é muito menor que a do striker. Só se agarra o que está a menos de um metro de distância do corpo,ao passo de que se pode golpear,dependendo da envergadura,a uma distância acima de um metro e meio.
 2) Para poder agarrar o oponente o grappler tem que entrar no raio de ação do striker,sujeitando-se a ser golpeado e nocauteado. O striker pode entrar e sair do raio de ação do grappler à vontade (antes de ser agarrado ou encurralado, naturalmente).
 3) A não ser que o grappler seja um extraterrestre,só dispõe de 2 braços para lançar a base do ataque,ao passo de que o striker pode golpear com os braços e as pernas.
 4) O tão falado "Jiu-Jitsu" (lembrando que NÃO EXISTE e NUNCA EXISTIU qualquer kanji com a pronúncia 'jiu' que signifique "suave". O correto é JU e dependendo da região do Japão, SHU) é péssimo no que se refere às técnicas de projeção ao solo. Não há como negar,isso é fato: Jiteiro só aprende a derrubar usando morote-gari (chamado entre eles pelo nome ridículo de "Baiana") ou pior ainda,empurrando o oponente contra uma parede,grade,o que fôr. Se esse vídeo fosse de um combate real,o imbecil do Royce nunca conseguiria derrubar o "mestre de Kung Fu" usando um agarramento tão fajuto e fácil de contra-atacar como esse. E o Kung Fu é que é "obsoleto",né ?
    Estranho como um "mestre" de Kung Fu tenha uma postura de luta tão exótica,não? Sem guarda alguma,atacando com chutes tão fracos e mal localizados... E ainda por cima se deixando agarrar tão facilmente. E não,não se trata de "estilo de Kung Fu": existem centenas de estilos e sub-estilos de Kung Fu - muitos deles especializados em projeções,torções e estrangulamentos - e em nenhum deles se vê tanta passividade e amadorismo como aqui. O cara está mais preocupado em não machucar o chefinho Gracie do que fingir que sabe golpear. O mais engraçado é que se percebe nitidamente que o "mestre do KF" sabe muito bem como se defender e atacar no solo mas não pode estragar o "show" e portanto,deve deixar o "herói" Royce ganhar. Aluno obediente é isso aí.
   Pra deixar as coisas ainda mais ridículas,o otário que jogou essa bosta no YouTube ainda afirma que o nome do"mestre" derrotado é Jason DeLucia, certamente ignorando o fato de que a única vez em que o verdadeiro Jason DeLucia e Royce Gracie se enfrentaram (numa luta bem vagabunda,por sinal) foi no 1º UFC,em março de 1994.
  Resumindo,esse dejeto filmado é uma piada em todos os aspectos: Na voz "embostada" do narrador,na narrativa propriamente dita, na coreografia da "luta" ,no desfecho do combate. Ainda bem que só pessoas com idade mental igual ou inferior a 5 anos acreditam nas palhaçadas que a quadrilha Gracie faz.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Um esquerdista pode tudo

                                                                                  (Rodrigo Constantino)
   
Ser de esquerda,no Brasil, significa ter um salvo-conduto para defender todo tipo de atrocidade e cair nas maiores contradições. É o monopólio das virtudes após décadas de lavagem cerebral demonizando a direita liberal ou conservadora. Ridicularizando inclusive quem, desiludido com os políticos,se declara apartidário.

Um esquerdista pode, por exemplo, mostrar-se revoltado com o regime militar, tentar reescrever a história como se os comunistas da década de 1960 lutassem por democracia e liberdade, tentar mudar o nome até de ponte e logo depois partir para um abraço carinhoso no mais velho e cruel ditador do continente, Fidel Castro.

Um esquerdista pode, também, repudiar o "trabalho escravo" em certas fazendas brasileiras,o que significa não atender às mais de 200 exigências legais (incluindo espessura de colchão) e logo depois aplaudir o programa Mais Médicos do governo Dilma,que trata cubanos como simples mercadoria.

Um esquerdista pode tentar desqualificar uma médica cubana que pede asilo político, alegando que tinha problemas com bebida e recebia amantes em seu quarto (é proibido isso agora?), para logo depois chamar de preconceito de elite qualquer crítica ao ex-presidente chegado a uma cachaça e a "amizades íntimas".

Um esquerdista pode culpar o embargo americano pela miséria da ilha-presídio caribenha,ignorando que toda experiência socialista acabou em total miséria e logo depois condenar a globalização e chamar o comércio com ianques de "exploração" (decidam logo se ser "explorado" pelo capitalismo é bom ou ruim).

Um esquerdista pode execrar uma jornalista que diz compreender a revolta que leva ao ato de se fazer justiça com as próprias mãos e logo depois aplaudir invasores de terras e outros "movimentos sociais",que se julgam acima das leis em nome de suas "nobres" causas. Pode até receber os criminosos no Palácio do Planalto!

Um esquerdista pode aliviar a barra do criminoso,tratar o marginal como "vítima da sociedade" e logo depois posar como defensor dos pobres honestos,ignorando que a afirmação anterior representa uma grave ofensa a todos aqueles que,apesar da origem humilde,mostram-se pessoas decentes por escolha própria.

Um esquerdista pode repudiar a ganância dos capitalistas,condenar o lucro, para depois aplaudir socialistas milionários,ou "homens do povo" que vivem como nababos,que cobram fortunas para fazer palestras,ou artistas que negociam enormes cachês com multinacionais para seus filmes ou comerciais.

Um esquerdista pode ser um músico famoso, um ator mediano ou um comediante popular e basta a fama por tais características para fazê-lo acreditar que é um grande pensador político,um intelectual de peso,alguém preparado para opinar com embasamento sobre os mais diversos assuntos sem constrangimento.

Um esquerdista pode insistir de forma patológica na cor do meliante preso ao poste,um rapaz negro, e logo depois ignorar outro bandido amarrado a um poste,pois esse tinha a cor "errada": era branco. Pode ainda acusar todos que condenam as cotas raciais de "racistas" e logo depois descascar Joaquim Barbosa,inclusive por causa de sua cor.

Um esquerdista pode alegar ser a pessoa mais tolerante do mundo,isenta de qualquer preconceito e apaixonada pela diversidade, para logo depois ridicularizar crentes evangélicos, conservadores católicos ou liberais céticos.

Um esquerdista pode surtar com o uso de balas de borracha pela polícia contra "ativistas" mascarados que quebram tudo em volta,para logo depois cair em um ensurdecedor silêncio quando o governo socialista venezuelano manda tanques para as ruas para atirar a esmo em estudantes durante protestos legítimos contra um simulacro de democracia.

Um esquerdista,por fim,pode pintar as cores mais românticas e revolucionárias sobre as máscaras de vândalos e arruaceiros que atacam policiais,para logo depois chamar de "fascista" a direita liberal,ignorando que o fascismo de Mussolini tinha os Camisas-Negras que agiam de modo bastante similar aos Black Blocs.

Assim caminha a insanidade na Terra do Nunca,com "Sininhos" aprontando por aí enquanto os artistas e "intelectuais" endossam a agressão contra o "sistema". No fundo,defendem a barbárie contra a civilização. Abusam da dialética marxista,do duplo padrão moral de julgamento,da revolta seletiva,do cinismo,do monopólio da virtude. E de quebra ainda levam algum pelo "apoio desinteressado".

Um esquerdista jamais precisa se importar com a coerência,com o resultado concreto de suas idéias,com pobres de carne e osso. Ele goza de um álibi prévio contra qualquer acusação. Afinal,é de esquerda,ou seja,possui as mais lindas intenções. É o suficiente. Um esquerdista pode tudo!


Rodrigo Constantino é economista e presidente do Instituto Liberal

sábado, 16 de abril de 2016

Músicas para torcer pelo Impeachment



    Que o PT ( Partido Terrorista) é um antro de ladrões e canalhas ninguém tem dúvida. Que os partidos que apoiam a quadrilha que vem assaltando o país há 13 anos também são constituídos de figuras que não valem absolutamente nada também não se questiona. Mas que existam "intelectuais" e "artistas" que defendam esse bando de facínoras soa a princípio como um paradoxo. Se pararmos para refletir,descobrimos logo o motivo de tal comportamento: basta lembrar os benefícios polpudos que a famigerada Lei Rouanet trouxe pra essa vagabundagem, além dos patrocínios altamente suspeitos que as estatais,às custas do erário público, concederam à cambada. (Recomendo a leitura desse artigo - http://spotniks.com/os-12-projetos-mais-bizarros-aprovados-pela-lei-rouanet/ , vale a pena.).
     Mês passado publiquei aqui um artigo falando sobre a falta de caráter e o oportunismo do senhor Francisco Buarque de Hollanda, que passou décadas cantando a democracia em prosa e verso mas acabou por revelar sua verdadeira face ao defender canalhas do calibre de Lula, Dilma e o restante da quadrilha.  Quando soube que essa figura fez um estardalhaço contra um diretor de teatro que usou canções suas durante um protesto solitário contra os crimes do PT, ri muito e comentei a ironia de um pústula querer impedir o uso de canções que ele próprio escreveu contra os desmandos políticos de outrora de serem usadas contra os desmandos atuais. E decidi que essas letras precisam de uma atualização.... Quem sabe assim o senhor Cínic...,digo,Chico Buarque permita que sejam cantadas nos protestos populares legítimos que ora se levantam ?

   Confiram:

    O BANDO

Estava lá no Planalto
O senador me chamou
Tinha propina pra dar
Em troca de um favor
Toda essa gente bandida
avermelhada na cor
Tinha propina pra dar
Em troca de um favor

O mensaleiro que contava dinheiro parou
O empreenteiro que contava vantagem parou
A bandidagem que portava as estrelas
Parou para ver, ouvir e dar passagem

O deputado que vivia calado,sorriu
A conta dele que vivia zerada,floriu
E a canalhada toda se arrumou
Para o país assaltar
Em troca de um favor

Estava lá no Planalto
O senador me chamou
Tinha propina pra dar
Em troca de um favor

Toda essa gente bandida
Avermelhada na cor
Tinha propina pra dar
Em troca de um favor

O cachaceiro se esqueceu do cagaço e pensou
Que escaparia de mais um panelaço e dançou
Dentuça feia debruçou na janela
Pensando que o povo torcia por ela

A merdalhada se espalhou pela Imprensa e subiu
A casa deles que vivia lotada,caiu
E a petralhada toda apavorou
Ao ver PF passar,tirando onda de horror

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo de pernas pro ar
Depois que o Moro chegou

E cada qual no seu canto
Em cada bolso uma dor
Muita propina pra dar
Em troca de um favor
Muita propina pra dar
Em troca de um favor

 RODA-VIVALDINO

Agora o Lula se ressente
Com tudo o que aconteceu
A casa caiu de repente
Foi a delação que fodeu
Molusco quer ter voz ativa
O homem honesto bancar
Mas eis que chega a Polícia
E carrega o cretino pra lá

É que esse ex-presidente
É vagabundo,vai pra prisão
O tempo fechou num instante
Às portas de um camburão

Grana vai pra conta-corrente
Difícil poder resistir
Povo brasileiro é que sente
O que se deixou de cumprir
Faz tempo que a malta cultiva
A mais linda mentira que há
Mas eis que chega a Justiça
E joga a sujeira pra cá

É que esse ex-presidente
É vagabundo,vai pra prisão
O tempo fechou num instante
Às portas de um camburão

Desvio de imposto, a mamata
Não quer mais pingar, não senhor
Não posso ir de negociata
A fonte de usura secou
A gente usa cooperativa
Quer na cobertura morar
Mas eis que chega a gente "viva"
E mostra a verdade de lá

É que esse ex-presidente
É vagabundo,vai pra prisão
O tempo fechou num instante
Às portas de um camburão

O sítio com antena e churrasqueira
Que ele de presente ganhou
Foi tudo grana de empreenteira
Que a corja vermelha levou
Fugir da Justiça ele tenta
Faz força pro povo esquecer
Mas eis que chega a "presidenta"
E bota tudo pra perder

É que esse ex-presidente
É vagabundo,vai pra prisão
O tempo fechou num instante
Às portas de um camburão

É que esse ex-presidente
É vagabundo,vai pra prisão
O tempo fechou num instante
Às portas de um camburão

É que esse ex-presidente
É vagabundo,vai pra prisão
O tempo fechou num instante
Às portas de um camburão



     O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE)

O que será, que será?
Que andam conversando pelo Alvorada
Que andam sussurrando na Esplanada
Que andam combinando com os comparsas
Que andam vomitando como vis farsas
Que andam subornando mais do que antes
Que estão falando alto nos restaurantes
E gritam nos covis que,com certeza
Agora vem dureza

Será, que será?
O que não tem clareza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem vergonha

O que será, que será?
Que vive nas ideias desses canalhas
Que cantam os autores dessas bandalhas
Que tramam os vermelhos indignados
Que está na confraria dos contemplados
Que está na indecência desses felizes
Que sugam o dinheiro qual meretrizes
No plano dos bandidos, dos "escolhidos"
Em todos os sentidos

Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem desculpa nem nunca terá
Pois tudo é permitido

O que será, que será?
Que todos os petralhas não vão suportar
Por que todos os ritos vão desafiar
Por que todos as provas irão contestar
Por que todos os livros vão adulterar
E todos os vermelhos vão debandar
E todos em suas tocas irão se enfurnar
E mesmo o pobre povo que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai lamentar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem mais jeito

O que será, que será?
Que todos os petralhas não vão suportar
Por que todos os ritos vão desafiar
Por que todas as provas irão contestar
Por que todos os livros vão adulterar
E todos os vermelhos vão desembestar
E todos os bandidos irão se encontrar
E mesmo o pobre povo que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai lamentar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem futuro

VAI ENTRAR

Vai entrar
Na minha conta grana sem parar
Cada agradinho
Dos velhos amigos
Essa noite vão
Depositar
Ao lembrar
Que aqui passaram patrocínios imorais
Que aqui jorraram dólares de estatais
Que aqui sambaram milhões de reais

Agora
Página infeliz da nossa história
Passagem tatuada na memória
Das nossas novas gerações
Sofria
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

O povo
Agonizando em estertores
Iludido por exploradores
Enchendo a cara de cerveja
E uma vez ao ano,afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma cegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval
(Vai entrar)

Palmas pra ala dos atores úricos
O bloco dos vampiros de recursos públicos
E os vermes do lupanar
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto um país a lamentar
A roubalheira descarada
Até o dia clarear

Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
A bandalheira da Lei Rouanet vai pagar
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
A mamata do liberou geral
Vai entrar