quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Erudição necessária (III)

É pra humilhar esse imbecil raquítico? Vamos lá:


A GÊNESE E A FISIOLOGIA DOS QUASARES E BURACOS NEGROS
Stephen Hawkins

O campo gravitacional de uma estrela afetará as trajetórias dos raios de luz procedentes dela.
Risquemos um diagrama com o tempo no eixo vertical e a distância ao centro da estrela no eixo
horizontal. Neste diagrama, a superfície da estrela está representada por duas linhas verticais, uma a cada lado do eixo. Expressemos o tempo em segundos e a distância em segundos-luz, a distância que percorre a luz em um segundo. Quando utilizamos estas unidades, a velocidade da luz é um, quer dizer, a velocidade da luz é um segundo-luz por segundo. Significando que longe da estrela e de seu campo gravitacional, a trajetória de um raio de luz neste diagrama fica representada por uma reta que forma um ângulo de 45 graus com a vertical. Entretanto, mais perto da estrela, a curvatura do espaço-tempo produzida por sua massa modificará as trajetórias dos raios luminosos e fará que formem com a vertical um ângulo menor.
As estrelas muito pesadas queimam o hidrogênio para formar hélio muito mais rapidamente que o Sol, até o ponto que podem esgotar o hidrogênio em tão somente centenas de milhões de anos. Depois disto, as estrelas enfrentam uma crise, queimando hélio e formando elementos mais pesados, como por exemplo, carbono e oxigênio, mas estas reações nucleares não liberam muita energia, de maneira que as estrelas perdem calor e diminui a pressão térmica que as sustenta contra a gravidade, portanto,contraem-se. Se sua massa for maior que umas duas vezes a massa solar, a pressão nunca será suficiente para deter a contração. Paralisar-se-ão ao tamanho zero e densidade infinita para formar o que chamamos uma singularidade. No diagrama do tempo em função da distância ao centro, à medida que a estrela se encolhe, as trajetórias dos raios luminosos procedentes da superfície emergirão com ângulos cada vez menores em relação à vertical. Quando a estrela alcança um certo raio crítico, a trajetória será vertical no diagrama, o que significa que a luz se manterá suspensa a uma distância constante do centro da estrela, sem escapar dela. Esta trajetória crítica da luz varre uma superfície denominada horizonte sucessivo, que separa a região do espaço-tempo, cuja luz, pode escapar e a região da qual não pode escapar. A luz emitida pela estrela depois de atravessar o horizonte sucessivo será devolvida para dentro pela curvatura do espaço-tempo. A estrela se converteu em uma das estrelas negras de Michell ou, em terminologia atual, em um buraco negro.
Como detectamos um buraco negro se dele não escapa nenhuma luz? A resposta é que um buraco negro exerce sobre os objetos circundantes a mesma força gravitacional que exercia o corpo que se paralisou. Se o Sol fosse um buraco negro e convertendo-se em tal sem perder massa alguma, os planetas seguiriam girando a seu redor como o fazem na atualidade.
Uma maneira de localizar buracos negros é, portanto, procurar matéria que gire ao redor do que parece um objeto compacto e invisível de grande massa, observou-se um certo número de tais sistemas.Possivelmente os mais impressionantes são os buracos negros gigantes que há no centro das galáxias e os quasares.
As propriedades dos buracos negros explicadas até aqui não suscitam grandes problemas com o determinismo. O tempo terminaria para um astronauta que caísse em um buraco negro e chocasse-se com a singularidade. Entretanto, na relatividade geral temos a liberdade de medir o tempo com diferentes ritmos em diferentes lugares, portanto, aceleraríamos o relógio do astronauta à medida que se aproximasse da singularidade, de maneira que ainda registrasse um intervalo infinito de tempo. No diagrama do tempo em função da distância, as superfícies de valor constante deste novo tempo se acumulariam perto do centro, por debaixo do ponto onde apareceu a singularidade. Mas no espaço-tempo aproximadamente plano a grande distância do buraco negro coincidiriam com a medida habitual do tempo.
Utilizaríamos esse tempo na equação de Schrödinger e calcularíamos a função de onda em tempos posteriores se a conhecêssemos inicialmente, assim, ainda teríamos determinismo. Convém sublinhar, entretanto, que em instantes posteriores uma parte da função de onda se acha no interior do buraco negro, onde ninguém observa do exterior, portanto, um observador precavido para não cair no buraco negro não retroagirá a equação de Schrödinger para trás e calculará a função de onda em momentos anteriores. Para isto, precisaria conhecer a parte dela que há no interior do buraco negro. Esta contém a informação do que caiu em seu interior. A quantidade de informação pode ser grande, porque um buraco negro de massa e velocidade de rotação determinadas pode ser formado a partir de um número muito elevado de diferentes conjuntos de partículas. Um buraco negro não depende da natureza do corpo cujo colapso o formou. John Wheeler chamou a esse resultado “os buracos negros não têm cabelos” confirmando as suspeitas dos franceses.
A dificuldade com o determinismo surgiu quando descobre-se que os buracos negros não são completamente negros. A teoria quântica implica que os campos não serão exatamente nulos nem sequer no que chamamos o vazio. Se fossem, teriam tanto um valor exato da posição zero e uma taxa de mudança ou velocidade que também valeria exatamente zero. Isto violaria o princípio de incerteza, que exige que a posição e a velocidade não estariam bem definidas simultaneamente. Portanto, haverá um certo grau do que se denomina flutuações do vazio. As flutuações do vazio podem serinterpretadas de diversas maneiras que parecem diferentes, mas, que de fato são matematicamente equivalentes. De uma perspectiva positivista, temos a liberdade de utilizar a imagem que nos resulte mais útil para o problema em questão. Neste caso, resulta conveniente interpretar as flutuações do vazio como pares de partículas virtuais que aparecem conjuntamente em algum ponto do espaço-tempo, separam-se e depois encontram-se e aniquilam-se de novo uma com a outra. «Virtual» significa que estas partículas não são observadas diretamente, porém, seus efeitos indiretos podem ser medidos, e concordam com as predições teóricas com um alto grau de precisão.
Em presença de um buraco negro, um membro de um par de partículas cai ao mesmo, deixando livre ao outro membro, que escapa no infinito. A um observador longínquo parecerá que as partículas que escapam do buraco negro foram radiadas por ele. O espectro do buraco negro é exatamente o que esperaríamos de um corpo quente, com uma temperatura proporcional ao campo gravitacional no horizonte — a fronteira — do buraco negro. Em outras palavras, a temperatura do buraco negro depende de seu tamanho.A temperatura de um buraco negro revestido de pouca massa valeria aproximadamente um milionésimo de grau sobre o zero absoluto, e a de um buraco negro maior seria ainda mais baixa, assim,qualquer radiação quântica de tais buracos negros ficaria completamente afogada pela radiação de 2,7 K remanescente da grande explosão quente: a radiação cósmica de fundo.
Seria possível detectar esta radiação para buracos negros menores e mais quentes, mas não parece que haja muitos a nosso redor. Entretanto, há evidências observadas indiretas desta radiação, que provêm do universo primitivo. Acredita-se que em épocas anteriores de sua história o universo passou por uma etapa inflacionária durante a qual se expandiu com ritmo cada vez mais rápido. A expansão durante esta etapa seria tão rápida que alguns objetos se achariam muito longe de nós para que sua luz alcançasse-nos - o universo expandiu-se muito rapidamente, enquanto, a luz viajava para nós. Portanto, haveria no universo um horizonte como o dos buracos negros, que separaria a região cuja luz nos pode chegar daquela cuja luz não nos pode alcançar.
Argumentos muito parecidos indicam que este horizonte emitiria radiação térmica, tal como ocorre com o horizonte dos buracos negros. Aprendemos a esperar um espectro característico das flutuações de densidade na radiação térmica. No caso que consideramos, tais flutuações de densidade expandiram-se com o universo. Quando sua escala de longitude superou o tamanho do horizonte seguinte congelou-se,de maneira que na atualidade observamos pequenas variações na temperatura da radiação cósmica de fundo remanescente do universo primitivo. O que observamos destas variações concorda com as predições das flutuações térmicas com uma notável precisão.
Embora a evidência observada da radiação dos buracos negros é bastante indireta, todos os que estudaram o problema aceitam que se produz de acordo com outras teorias comprovadas experimentalmente; trazendo assim, conseqüências importantes para o determinismo. A radiação de um buraco negro elevará a energia, o qual significa que este perderá massa e encolherá. Disso se segue que sua temperatura aumentará e sua taxa de radiação crescerá. Ao final, a massa do buraco negro se aproximará de zero. Não podemos calcular o que acontece neste ponto, entretanto, a única resposta natural e razoável parece que o buraco negro acabe por desaparecer por completo. Se é assim, o que ocorre com a parte da função de onda e da informação que esta contém sobre o que caiu no buraco negro? Uma primeira conjetura seria que esta parte da função de onda, e a informação que transporta,emergiria quando o buraco negro desaparecesse. Entretanto, a informação não pode ser transportada gratuitamente, como advertimos quando recebemos a fatura Telefônica.
A informação necessita energia que a transporte, e nas etapas finais de um buraco negro fica pouca energia. A única maneira plausível em que a informação interior sairia seria emergir continuamente com a radiação, em lugar de esperar a etapa final. Todavia, na descrição em que um membro de um par de partículas virtuais cai no buraco negro e o outro membro escapa, não esperaríamos que a partícula que escapa esteja relacionada com a que caiu no interior, nem leve informação sobre ela. Portanto,pareceria que a única resposta é que a informação contida na parte da função de onda do interior do buraco negro desaparece.
Esta perda de informação teria conseqüências importantes para o determinismo. Para começar,observamos inclusive, que se conhecêssemos a função de onda depois do desaparecimento do buraco negro, não poderíamos retroagir à equação de Schrödinger para calcular a função de onda antes da formação do buraco negro. O que esta era dependeria em parte do fragmento da função de onda que se perdeu no buraco negro. Acostumamo-nos a pensar que conhecemos o passado com exatidão, na realidade, se se perder informação nos buracos negros, algo ocorreu.
Em geral, pessoas como os astrólogos e os que os consultam estão mais interessados em predizer o futuro do que ver o passado. A primeira vista, pareceria que a perda de uma parte da função de onda no buraco negro não impediria de predizer a função de onda no exterior deste. Porém, o resultado desta perda interfere com tais predições, tal como veremos se considerarmos um experimento mental proposto por Einstein, Boris Podolsky e Nathan Rosen nos anos 1930: Imaginemos que um átomo radiativo decai e emite duas partículas em direções opostas e com SPINs opostos. Um observador que só olhe uma partícula não pode predizer gira para a direita ou para a esquerda. Todavia, se ao efetuar a medição observa que gira para a direita, com toda certeza pode predizer que a outra partícula gira para a esquerda, e vice-versa. Einstein pensou que isto demonstrava que a teoria quântica era ridícula, já que neste momento a outra partícula se poderia achar no limite da galáxia, mas mesmo assim, saberíamos instantaneamente como está girando. Porém, a maioria dos outros cientistas acreditam que era Einstein quem se confundia, e não a teoria quântica. O experimento mental de Einstein-Podolsky-Rosen não demonstra que possamos enviar informação com velocidade maior que a da luz. Isto seria ridículo. Não podemos escolher se a partícula que mediremos esteja girando para a direita, sendo assim, não podemos prescrever que a partícula do observador distante esteja girando para a esquerda.
De fato, este experimento mental descreve exatamente o que ocorre com a radiação do buraco negro. O par de partículas virtuais terá uma função de onda que prediz que os dois membros têm SPINs exatamente opostos. O que nós gostaríamos é predizer o SPIN e a função de onda da partícula saliente,coisa que obteríamos se pudéssemos observar a partícula que caiu no interior. Mas agora tal partícula se acha dentro do buraco negro, onde seu SPIN e sua função de onda não podem ser medidas. Portanto,não é possível predizer o SPIN nem a função de onda da partícula que escapa. Pode ter diferentes SPINs ou diferentes funções de onda, com várias probabilidades, mas não tem um único SPIN ou uma única função de onda, assim sendo, nosso poder de predizer o futuro ficaria ainda mais reduzido. A idéia clássica de Laplace, de que poderíamos predizer as posições e as velocidades das partículas, teve que ser modificada quando o princípio de incerteza demonstrou que não se media com precisão posição e velocidade de uma vez. Entretanto, ainda era possível medir a função de onda e utilizar a equação de Schrödinger para calcular sua evolução no futuro. Permitindo-nos predizer com certeza algumas combinações de posição e velocidade, que é a metade do que poderíamos predizer segundo as idéias de Laplace. Afirmamos com certeza que as partículas terão SPINs opostos, mas se uma partícula cai no buraco negro, não podemos efetuar nenhuma predição segura sobre a partícula restante. Isto significa que no exterior do buraco negro nenhuma medida será predita com certeza: nossa capacidade de formular predições definidas reduzir-se-iam a zero. Possivelmente, depois de tudo, a astrologia não seja pior que as leis da ciência na predição do futuro. Esta redução do determinismo deslocou a muitos físicos e sugeriram, portanto, que a informação do que há no interior de um buraco negro poderia sair de algum jeito. Durante anos, houve tão somente a esperança piedosa de que se acharia alguma maneira de salvar a informação. Mas, em 1996, Andrew Strominger e Cumrum Vafa realizaram um progresso importante: Decidiram considerar o buraco negro como se estivesse formado por um certo número de blocos constituintes, denominados p-branas.
Recordemos que uma das maneiras de considerar as p-branas é como folhas que se deslocam nas três dimensões do espaço e nas sete dimensões adicionais que não podemos observar. Em alguns casos, é possível demonstrar que o número de ondas nas p-branas é igual à quantidade de informação que esperaríamos que contivera o buraco negro. Se as partículas se chocarem com as p-branas, excitam nelas ondas adicionais. Analogamente, se ondas que se moverem em diferentes direções nas p-branas confluem em algum ponto, produzindo um pico tão grande que se rasgaria um fragmento da p-brana e partiria em forma de partícula. Portanto, as p-branas podem absorver e emitir partículas, como o fazem os buracos negros.
Podemos considerar as p-branas como uma teoria efetiva,- quer dizer, embora não precisamos acreditar que há realmente pequenas folhas que se deslocam em um espaço-tempo plano, os buracos negros poderiam comportar-se como se estivessem formados por folhas. A situação é parecida com o que ocorre com a água, formada por milhões de moléculas de H2O com interações complicadas, mas um fluido contínuo proporciona um modelo efetivo muito bom. O modelo matemático dos buracos negros formados por p-branas conduz a resultados análogos ao da descrição apoiada em pares de partículas virtuais, da qual falamos anteriormente. De uma perspectiva positivista, são modelos igualmente bons, ao menos para certas classes de buracos negros. Para elas, o modelo de p-branas prediz exatamente a mesma taxa de emissão que o de pares de partículas virtuais. Entretanto,há uma diferença importante: no modelo de p-branas, a informação do que cai no buraco negro fica armazenada na função das ondas das p-branas. Estas são consideradas como folhas em um espaço-tempo plano e, por isto, o tempo fluirá continuamente para frente, as trajetórias dos raios de luz não se curvarão e a informação nas ondas não se perderá, mas sairá do buraco negro na radiação das p-branas. Segundo o modelo das p-branas,podemos utilizar a equação de Schrödinger para calcular a função de onda em instantes posteriores. Nada se perderá e o tempo transcorrerá brandamente. Teremos determinismo completo no sentido quântico.Todavia, qual destas descrições é correta? Perde-se uma parte da função de onda nos buracos negros, ou toda a informação volta a sair, como sugere o modelo das p-branas? Esta é uma das grandes perguntas da física teórica atual. Muitos investigadores acreditam que trabalhos recentes demonstram que a informação não se perde. O mundo é seguro, previsível e nada ocorrerá inesperadamente. Entretanto,não está claro que seja assim. Se se considera seriamente a teoria da relatividade geral de Einstein, permitir-se-á a possibilidade de que o espaço-tempo forme nós e se perca informação nas dobras.

Erudição necessária (II)

Aqui vai minha contribuição para tão auspicioso projeto:


Língua e dialetos na Idade Média

Os problemas lingüísticos na Idade Média são complexos, colocando o historiador diante de dificuldades metodológicas de primeira ordem se ele tenta aduzir conclusões raciais e institucionais de provas obtidas através do estudo da linguagem. Na Europa ocidental, o latim era a língua universal da Igreja e, de um modo substancial, da administração permanente e do governo em suas instruções escritas; ser letrado significava ser letrado em latim. A latinidade da Idade Média foi modificada e tornou-se mais flexível no decorrer dos séculos, graças sobretudo aos gramáticos do período carolíngio, embora as estruturas clássicas essenciais fossem preservadas. A pena dos melhores estilistas, como Jean de Salisbury no século XII, suporta comparação com tudo o que tenha sido escrito pelos melhores prosadores do mundo antigo. O grego, reconhecido desde o final do século VI como a língua oficial do Império, desempenhou uma
função semelhante em Bizâncio.
Os vernáculos continuaram florescendo, sobretudo nos dinâmicos séculos XII e XIII, quando trovadores, poetas, pregadores e professores se dedicaram cada vez mais não só à composição mas também ao registro escrito de suas obras. “O que é o francês, senão um latim mal falado?”, perguntou um escritor anglo-saxão no começo do século XI; mas por volta de 1200, a partir do tronco latino básico, já estavam completas as formas padronizadas dos ancestrais das modernas línguas românicas ou neolatinas: o francês, o provençal, o catalão, o galaicoportuguês,o castelhano, os dialetos hispânicos, os dialetos italianos, sobretudo o toscano, e uma série de outros.
Desenvolvimentos análogos ocorreram no mundo de fala germânica. A Inglaterra foi um caso único em seu elaborado uso do vernáculo escrito nos últimos tempos anglo-saxônicos, mas nas terras continentais, o pleno florescimento da literatura deu-se na virada do século XIII, especialmente no alto-alemão da Alemanha meridional. A Escandinávia conheceu seu momento de apogeu literário com as sagas islandesas do século XIII. Elas teriam grande efeito na padronização dos vernáculos. O mundo de fala céltica passou por fenômenos semelhantes, e os poetas líricos galeses produziram uma obra de prestígio europeu. Entre os povos de fala eslava, houve uma concentração maciça da liturgia eclesiástica no eslavônio, mas as próprias línguas passaram por uma diferenciação profunda que resultou na criação do russo moderno, tcheco, polonês e as línguas eslavas meridionais. O mapa lingüístico da Europa moderna adquiriu
lentamente forma na segunda metade da Idade Média, com algumas das fronteiras lingüísticas mostrando ser de uma surpreendente flexibilidade e mais ou menos permanentes depois do século XII. O tronco lingüístico predominante era indo-europeu, mas houve algumas sobrevivências de uma época muito remota, como no caso dos bascos e dos albaneses, e algumas intrusões, como no grupo fino-úgrico que, de longínquas origens asiáticas, veio a produzir com o tempo na Europa as línguas distantemente aparentadas do finlandês e do húngaro. Na Romênia, a antiga província romana da Dácia, persistiu uma língua de base latina, embora maciçamente transformada por uma mistura de elementos gregos, eslavos e búlgaros. Essa multiplicidade de crescimento e experiência lingüísticos faz com que o contínuo vigor do latim e do grego seja ainda mais notável, embora analogias possam ser rapidamente traçadas com o arábico no mundo muçulmano da Idade Média e, mais adiante, com o inglês do século XX.

Literatura

Predominantemente destinada à recitação pública coletiva,muito mais do que à leitura privada individual, a literatura medieval vernácula floresceu, graças ao mecenato aristocrático, em cortes
seculares. Dada a natureza aleatória da preservação de manuscritos laicos, é surpreedentemente elevado o volume de obras que sobreviveram, embora isso represente, sem dúvida alguma, apenas uma pequena proporção do que foi realmente escrito e ainda menos do que foi copiado. Os vernáculos, por muito tempo considerados parentes pobres do latim (a língua internacional tradicional do saber e da cultura), passou a ser, não obstante, o veículo para as maiores
realizações imaginativas da Idade Média. A literatura secular em latim ficou largamente confinada a assuntos derivados, direta ou indiretamente, de modelos clássicos. Exceções notáveis são os versos irreverentes do Arquipoeta, a poesia amorosa dos Carmina Burana (século XIII) e a altamente popular pseudo-Historia Regum Britanniae (1136), de Godofredo de Monmouth, a qual inaugurou a voga literária do rei Artur.
A literatura vernácula apoiou-se naturalmente em fontes escritas, mas ao mesmo tempo combinou elementos díspares da cultura popular,incluindo mito, folclore e outras tradições orais. Sua livre mistura de tons é característica: a combinação do popular e do erudito, do recreativo e do didático, do sobrenatural e do concreto, produziu uma literatura ricamente diversa e inovadora, dotada de amplos atrativos e permitindo diferentes níveis de apreciação e interpretação.
Durante toda a Idade Média, o veículo preferido de expressão literária foi mais a poesia do que a prosa. Uma vasta gama de gêneros está representada, entre os quais o romance narrativo, precursor da novelística moderna, ocupa uma posição destacada. O anonimato era a norma — pelo menos no período inicial — e os autores criavam variações em cima das convenções aceitas, mais do que buscavam a originalidade. A atenção era freqüentemente focalizada num indivíduo
que funcionava como a consubstanciação de um ethos feudal ou cavaleiresco, ou como o agente de conflito humano. A religião formou um background onipresente, com o amor — usualmente numa forma ritualizada — fornecendo um outro tema de destaque. O realismo social não era uma preocupação importante numa literatura que, acima de tudo, era celebrante e idealizante, mas interesses sociais e morais, dentro de uma moldura altamente simbólica, estavam entre os motivos mais freqüentemente repetidos. A caracterização e a análise psicológica raras vezes eram explícitas, a ambigüidade e a ironia eram sistematicamente exploradas. Os melhores dos autores citados a seguir mostram uma gama impressionantemente vasta de erudição e
considerável autoconsciência artística.
A França é geralmente considerada a inspiradora de todas as novas tendências literárias da Europa medieval, mas sua preeminência não é anterior ao século XII. O mundo germânico reivindica as mais antigas sobrevivências: o Beowulf em inglês arcaico, que se pensa datar do século VIII, poderosa evocação das lutas de um guerreiro solitário contra os poderes do Mal, e o fragmentário Hildebrandslied em alto-alemão arcaico. Essa tradição épica prossegue, no final do século XII, com o Nibelungenlied em alto-alemão médio, e com as Eddas em norueguês arcaico e as sagas em prosa da Islândia. A épica francesa medieval faz sua aparição no final do século XI com sua obra-prima, a Chanson de Roland, de longe o melhor de cerca de uma centena de
poemas épicos franceses ainda existentes, em termos de estilo oral, estrutura narrativa e retrato de lealdades conflitantes numa sociedade guerreira. Em contraste, o espanhol Cantar de Mio Cid, do início do século XIII, parece menos popular na inspiração, menos heróico e inspirador no tom.
A lenda céltica de Tristão e Isolda está representada no francês do século XII somente por sobrevivências fragmentárias, com Thomas, um anglo-normando, fornecendo a fonte para a brilhante reelaboração de Gottfried von Strassburg para o alemão. O outro mestre da narrativa alto-alemã média, Wolfram von Eschenbach, também se inspirou para o seu Parzival em modelos franceses, mais especificamente no pioneiro e mais perfeito expoente do romance
medieval, Chrétien de Troyes. O corpus de cinco romances octossilábicos de Chrétien, compostos em 1165-90 (dos quais Yvain e o inacabado Conte du Graal são os mais conhecidos), reflete preocupações sociais, em sua justaposição de realismo contemporâneo e lenda arturiana, e questiona o ethos cavaleiresco predominante. Na esteira de Chrétien, a psicologia do amor é explorada ainda mais a fundo na alegoria de Guilherme de Lorris, Roman de Ia Rose (c. 1225-75), cuja continuação por Jean de Meung alcança uma enciclopédica exuberância. A tradição do amor cortesão prossegue no original e enigmático Libro de Buen Amor , de Juan Ruiz.
O culto do amor originou-se nas tecnicamente elaboradas e, por vezes, herméticas canções dos trovadores provençais do final do século XI e século XII. Foi ainda mais estimulado pelo alemão Minnesänger,sendo Walther von der Vogelweide (c. 1170-1230) o seu mais notável representante, enquanto que as galaico-portuguesas cantigas de amigo refletem uma faceta mais popular da variada produção da poesia lírica medieval.
A literatura no médio-inglês, retardada em seu desenvolvimento pelas conseqüências da Conquista Normanda, floresce na segunda metade do século XIV com a alegoria social erudita de Lanland, Piers Plowman, com o poeta de Gawain e, em especial, com Chaucer, que apresenta em Canterbury Tales uma vívida galeria de tipos do seu tempo, num refinado estilo poético. O teatro medieval estava preponderantemente limitado aos autos da Paixão, também chamados autos de devoção ou mistérios, de que talvez sejam os mais duradouros exemplos os ciclos de mistérios em inglês medievo.
Um lugar de honra entre os autores medievais é tradicionalmente — e corretamente — reservado para Dante (1265-1321), cuja Divina Comédia alia a grandiosidade do tema à beleza poética, apresentando uma cosmovisão cristã num dolce stil nuovo que eleva a eloqüência
vernácula a novas alturas de expressividade. O Decameron de Boccaccio marca a maioridade da prosa como veículo literário, enquanto que Petrarca (1304-74), cujos sonetos de amor seriam largamente imitados, anuncia o advento do humanismo e o começo de uma nova era. Na década de 1460, na França, Villon continuou usando os modos tradicionais de expressão, em que o convincente realismo social se revela através do verniz autobiográfico.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Erudição necessária

  Recebemos um comunicado no Orkut de que aqui,nesse humilde blog,só nos dedicamos a trivialidades e não publicamos artigos com conteúdo que contribua para o crescimento intelectual dos internautas. Tal comentário nos entristeceu deveras,ainda mais vindo de um erudito especialista em artes marciais como o sr. Luciano Gonçalves Mendes,morador de Brasília (DF),também conhecido nos altos círculos das lutas como "ciano".
  É evidente que uma figura impoluta,majestosa,atlética,intimidadora e altamente conhecedora das Artes Marciais - principalmente do Judô e Jujitsu - merece  ter sua opinião considerada:

       Mestre ciano em intenso treinamento de condicionamento físico no meio da pracinha



Mestre ciano demonstrando um apresamento duplo de dedos em seu melhor aluno


      Algum de nós seria capaz de discutir com esse verdadeiro Apolo das Artes Marciais,esse autêntico GUERREIRO de músculos de aço e olhar astuto e desafiador? É evidente que não !!!!
     E na esperança de agradar ao refinado gosto de tão proeminente intelectual,estudante de Biblioteconomia na prestigiada UNB (e que desde já se prepara para a carreira de michê para não morrer de fome) é que damos início a uma série de artigos,todos repletos de informações indispensáveis ao nosso cotidiano.

TRATAMENTO CIRÚRGICO DO NEUROBLASTOMA:

  Depende da extensão da doença,conforme determinado pela avaliação clínica pré-operatória e operatória. O mais frequente sistema de avaliação tem sido o de Evans:

Estágio I : O tumor é limitado ao órgão de origem (totalmente excisado)
Estágio II : O tumor estende-se além do órgão de origem mas não cruza a linha mediana;os linfonodos regionais podem estar afetados
Estágio III : Tumor estende-se além da linha mediana invadindo os tecidos do lado oposto
Estágio IV : Metástase distante (tecido esquelético,tecidos moles,linfonodos distantes)
Estágio IV-S : Tumor primário localizado que não cruza a linha mediana com doença remota limitada ao fígado,tecidos subcutâneos e medula óssea,mas sem sinais de comprometimento do córtex ósseo.

 Muito poucos pacientes são classificados como pertencentes ao estágio I (5%) e 25% são do estágio II. A maioria tem doença avançada e apresenta metástase na ocasião do diagnóstico (estágio IV ou IV-S). A excisão cirúrgica completa é o único tratamento necessário para a doença no estágio I. Em pacientes no estágio II,a excisão isolada pode ser um tratamento razoável quando a histologia do tumor é favorável (classificação de shimada,rico em estomas com baixo índice cariorrético mitótico [MKI]),a citometria de fluxo do DNA mostra um tumor aneuplóide e existe menos de 3 cópias do oncogene N-myc. Níveis normais de enolase neuroespecífica (NSE),ferritina sérica baixa e níveis baixos do protoncogene trk também são determinantes úteis de um tumor menos agressivo. Quando algumas dessas provas são desfavoráveis (especialmente a diploidia,mais de 10 cópias de N-myc e pobre em estoma,MKI elevado,histologia de Shimada desfavorável),então se adicionam programas de quimioterapia agressiva. Infelizmente muitos pacientes no estágio III desenvolvem metástase precocemente e exigem múltiplos programas de quimioterapia (cisplatina,adriamicina,VP-16 e ciclofosfamida) associados com excisão tumoral primária retardada, terapêutica de irradiação regional para a doença retroperitoneal não-ressecável residual,irradiação total do corpo ou terapêutica quase letal com Melfalan,mais recuperação com transplante autógeno de medula óssea livre de neuroblastos potenciais através de anticorpos monoclonais.
   Para uma melhor compreensão do envolvimento genético na gênese dos tumores malignos,vamos relembrar:
Oncogenes dominantes: São formas mutantes de genes celulares (protoncogenes) que controlam a proliferação celular. Os genes envolvidos são responsáveis pela produção de fatores de crescimento, proteínas de membranas associadas com a transdução do sinal e proteínas nucleares controladoras da transcrição e expressão genética.
 As 3 principais famílias de oncogenes dominantes são ras (codificação de proteínas da transdução),erb B (codificação das tirosino-cinases de membranas receptoras do fator de crescimento tumoral)e myc (c-myc, N-myc e L-myc,produtores de fosfoproteínas nucleares que regulam o ciclo mitótico celular).

Oncogenes recessivos: Agem suprimindo a proliferação celular. A perda,inativação ou mutação desses genes pode permitir o crescimento desregulado e contribuir para a patogenia do câncer. Os tipos mais conhecidos são os genes p53 e o Rb (do retinoblastoma).
São descritas várias técnicas para interferência na expressão de oncogenes anormais. A técnica antisense
utiliza uma sequência de nucleotídeos que complementa o mRNA alvo,interferindo na translação da proteína anormal do mRNA endógeno. É limitada pela baixa confiabilidade no fornecimento contínuo da sequência antisense apropriada e na dificuldade de êxito na incorporação do constructo recombinante pelo genoma da célula,que geralmente é feita utilizando picoRNAvirus classe G como veículo de inoculação.

    Sabemos que o artigo,sucinto e incompleto em vários aspectos,nunca abordaria satisfatoriamente um assunto tão apaixonante e tão querido do público como a Oncologia. Prometemos nos estender mais nos próximos posts a fim de não decepcionar nossos fiéis internautas.

PS: Desculpe pelo engano,hein "ciano"? É que a pocilga onde Vossa Excelência estuda é tão vagabunda que acabei confundindo com outra igualmente mequetrefe! Mal aí !  (Esperamos que isso não o impeça de nos enviar convites para sua formatura !)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Os adversários de Rickson

  Os lambe-bot....digo,os fãs do Rickson adoram falar nas 460 (ou seriam 465? 480? 500? 4 milhões?) vitórias desse "invencível" lutador,expressão máxima das Mixed Martial Arts.  Não falam,é claro,quem foram os infelizes adversários que cruzaram o caminho do nosso amigo Rick,nem onde ou quando foram esses confrontos "épicos".  É opinião geral de que tais embates sejam fruto da mente fértil - bota fértil nisso - do brioso jujitsuka mas nós aqui do Barraco,num esforço coletivo de jornalismo investigativo,mostramos que muitos dos tão falados perigosíssimos adversários são realmente de carne e osso!
   Com vocês,alguns dos oponentes brilhantemente derrotados pelo glorioso RG:

RYU


E. HONDA


BLANKA

GUILE

KEN

CHUN LI

ZANGIEF

DHALSIM


FEI LONG

DEE JAY

CAMMY



THUNDERHAWK


BALROG

VEGA

SAGAT

M. BISON

AKUMA

     
      E o negócio não ficou feio só pros Street Fighters,não! Rolaram adversários bem mais kabulosos...

SUB-ZERO

SCORPION

KUNG LAO

 LIU KANG

KANO

RAYDEN

GORO

SHAO KHAN


        E tudo isso numa só noite no fliperama !! É OU NÃO É UM VERDADEIRO GUERREIRO?


                                  Rickson,meu garoto.... Estou muito orgulhoso de você !.....