terça-feira, 24 de novembro de 2020

O NOVO SANTINHO DA MÍDIA

     Antes de tudo, declaro que considero estarrecedor o fato de um cliente ter sido sufocado e morto na porta de um supermercado. Igualmente estarredor é o fato mais do que comprovado de que a imensa maioria das empresas de segurança não oferece treinamento adequado para seus funcionários. Dito isto, afirmo que ainda mais repugnante é a maneira como a Mídia - especialmente as ramificações pertencentes às Organizações Globo - trata o caso como "racismo", em uma criminosa distorção dos fatos, atribuindo a surra e consequente desfecho fatal às cores das peles dos envolvidos.  Ao que tudo indica, a esquerdalha quer fabricar outro "mártir" para colocar ao lado de Santa Marielle Franco [genuflexão] no panteão de santos brasileiros: Basta ver a profusão de manchetes descrevendo o falecido como "homem alegre, de vida familiar,amoroso", "com paixão pelo futebol" e "filho exemplar" , tratando o caso como "racismo estrutural" , naturalmente omitindo tanto a vida pregressa do mesmo como o comportamento deplorável que exibiu no interior do estabelecimento.  Vejam só que exemplo de ser humano era João Alberto Silveira Freitas, o  "Beto", como foi carinhosamente denominado pela Mídia:

 


      Sim, que maravilha de pessoa:  Passagens por assalto, falsa comunicação de roubo (furto de veículo, furto de celular), porte ilegal de arma, porte de drogas, agressões físicas diversas,  vadiagem ("perda de documentos"),  danos ao patrimônio, desobediência tanto a autoridades policiais quanto a medidas judiciais, ameaças de morte, perturbação da ordem, injúria qualificada e até "rapto consensual" (sequestro de maior de 14 anos e menor de 21, consentido pela vítima).  Nem é preciso pedir a beatificação, exijam logo a canonização !

     "O indefeso e honesto cidadão não fez nada, foi agredido apenas por ser negro ! "

Realmente, não fez nada.... Só ameaçou uma caixa e socou um segurança

     E notem que interessante:

 O pai de João Alberto Silveira Freitas,o cliente espancado e morto na filial da Rede Carrefour em Porto Alegre, foi condenado em 2019 por injúria racial. Sentença de primeira instância afirma que João Batista Rodrigues Freitas envolveu-se em uma briga do filho com a ex-nora Marilene Santos Manoel e a chamou de "negra macaca". No processo ainda consta que tanto João Alberto quanto o pai foram condenados por violência doméstica, recebendo respectivamente sentenças de 07 anos em regime semiaberto e 01 ano e cinco meses em regime aberto. Marilene contou à polícia que estava limpando a casa,em maio de 2019, quando João Alberto passou na porta e a xingou. Depois entrou e passou a agredi-la fisicamente com vários socos na cabeça e feriu seu rosto com os dedos na região do nariz. Para se defender dos ataques, disse que empurrou João Alberto, momento em que seu ex-sogro, João Batista, a puxou para seguir com as agressões e a ofendeu. O Ministério Público afirmou que o ex-sogro segurou Marilene para que o filho pudesse golpear a ex-mulher. Policiais foram chamados ao local e confirmaram as lesões no rosto da mulher. O laudo pericial descreveu "equimoses nas pálpebras inferiores e escoriação superficial na lateral esquerda do nariz". Na segunda instância, Marilene retirou a acusação de injúria racial porque se contradisse em alguns momentos e chegou a afirmar que "ele apenas a tinha chamado de 'Nega' ". A condenação por lesão corporal foi mantida porque não havia jeito de esconder, já que as lesões eram claramente visíveis segundo os policiais que atenderam ao chamado.

O reincidente João Alberto já havia sido condenado também por ameaçar a ex-mulher de morte. Desde o fim do relacionamento ele ia com frequência à casa dela, normalmente após ingesta de bebidas alcóolicas, para jogar pedras nas janelas e proferir ameaças. A versão de Marilene foi confirmada por um policial militar,que depôs como testemunha no caso, afirmando que já havia recebido várias chamadas de Marilene por ameaças de João Alberto.

O homem morto no Carrefour também tinha antecedentes criminais por porte de armas ilegais e drogas.

      O ser humano maravilhoso e seu genitor igualmente maravilhoso. Tal pai,tal filho


      
Exatamente. O novo herói nacional, ídolo da "resistência negra" ,novo mártir da esquerdalha, além de RACISTA era AGRESSOR DE MULHERES e FAZIA AMEAÇAS DE MORTE. Por que não estou surpreso com isso ?

 
Marido errático =  Nova maneira de se referir a um covarde racista que agredia a mulher


 
       Marido errático ou monstro misógino ? Em caso de dúvida, basta consultar a tabela com a escala de cores de pele.

       Já comentamos aqui no blog que os semelhantes se atraem, ou seja, bandidos defendem uns aos outros.  Além dos animais da Mídia, temos também isso aqui:







       Bater e sufocar um valentão é crime (não contanto o homicídio doloso,que é crime sem dúvida alguma); incitar a violência, promover destruição de patrimônio, ameaçar vidas humanas e saquear não.  É o "monopólio da virtude", como dizem por aí.  "Ódio do bem", vindo de quem diz estar indignado pela barbárie e a favor da Justiça.  Típico dos esquerdinhas de carteirinha.

       No final das contas temos isso aqui:



     Protestos de gente "do bem", depredações por gente "do bem", roubos por gente "do bem", indignação por gente "do bem".  Como não ficar comovido com tanta bondade ?  Destaque para o papai clamando por justiça, a mesma que deixou um marginal com ficha policial de duas páginas solto por aí.

     Quanto aos assassinos, fica evidente o despreparo ao lidar com situações como essa.  Obviamente não tiveram o mínimo treinamento em artes marciais ou saberiam como imobilizar um agressor com danos mínimos, o que é absolutamente necessário não só para evitar inversão de papéis (alguém duvida que se o tal "Beto" estivesse vivo posaria como vítima de agressão física gratuita diante de um delegado de polícia ?) como também para não dar margem a um provável processo judicial.  Agiram do jeito que vimos, mataram o sujeito e agora estão em uma enrascada dos diabos sendo acusados de homicídio doloso triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima).  O marginal virou vítima e os agentes de segurança, supostamente responsáveis pela ordem e proteção dentro do estabelecimento, assumiram o papel de covardes bandidos.  Mas falando sinceramente,minha opinião é que de um jeito ou outro uma tragédia iria ocorrer: Caso o desfecho do confronto fosse diferente,a polícia iria chegar, levar todo mundo pra delegacia, um boletim de ocorrência seria aberto e o Betinho Pureza seria indiciado mais uma vez e liberado. Daí ele iria para casa, pegaria uma arma e voltaria ao Carrefour para se vingar da surra que tomou, passando fogo em todo mundo.  Quais seriam as manchetes dos jornais então ?  "Homem negro se revolta com tratamento humilhante dado por brancos violentos , racistas e opressores e os enfrenta honradamente de arma na mão" ?  "Trabalhador negro mata acidentalmente seguranças racistas após enchê-los de chumbo" ?  "Episódio de racismo em filial do Carrefour de Porto Alegre termina com seguranças agressores mortos em legítima defesa por vítima negra,pobre e moradora de Comunidade "?   Não duvido nem um pouco !

 Felizmente, nem todos caem na esparrela dos "justiceiros sociais":




       Pra terminar, fiquem com a opinião sensata de Marcelo Brigadeiro :



sábado, 21 de novembro de 2020

DIA DA (FALTA DE) CONSCIÊNCIA NEGRA - Parte II

 

       Outro dia 20 de novembro, a mesma chorumela e o mesmo vitimismo de sempre, alimentados pela mesma corja oportunista e endossados pelos canalhas de costume. Há de tudo nesta data, menos consciência:  O "orgulho negro" pra essa escória significa exigir mais direitos do que o restante da população, de se refugiar atrás do "preconceito" como justificativa para arruaças, insubordinações e atos ilícitos ,de se vangloriar de coisas absolutamente inúteis e de posar como injustiçados em todos os campos, desde o econômico até o político.
     A Rede Esgoto, seguindo à risca a cartilha que ela mesma criou e propagou, enche a grade de programas exaltando os "feitos dos negros", as "conquistas dos negros", a "opressão dos negros", a "falta de voz dos negros" e outros lixos.  Chega a ser ridículo mostrar uma  negra 'empoderada' com o cabelo parecendo uma moita ensebada reclamando que "negros não tem vez na sociedade e nem na mídia" e imediatamente passar a propaganda de uma fábrica de perfumes exibindo uma mulher negra (feia pra caramba,por sinal) em trajes esvoaçantes de seda se encontrando com o namorado BRANCO em um terraço onde se nota uma mesa com champanhe e pratos finos. A seguir, Camila Pitanga - outro exemplo de mulher "negra, pobre e oprimida" - aparece acompanhada de outras "guerreiras", incluindo um travesti com a voz mais grossa que a do Cid Moreira - reclamando da "falta de mulheres negras na política". Nos dias que antecederam a eleição vinha logo após a figura asquerosa da madrasta de Camilinha, Benedita da Silva, despejando seu discurso usual de "mulher negra, favelada E injustiçada" (confesso que chego a ficar com os olhos marejados ao pensar como nós, brancos capitalistas machistas e opressores, pudemos levá-la à Justiça apenas pelo roubo de 1,8 bilhões de reais dos cofres do estado do RJ e o rombo de 30 milhões do Fundo de Previdência Social enquanto era governadora) pedindo votos para si e a farândola suja do PT.  Daí passa um comercialzinho qualquer, com 95% de certeza de contar com um negro no elenco, seguido de uma chamada do "The Voice Brasil" onde mais dois "negros oprimidos" - Iza e Carlinhos Brown - aparecem em destaque e outra do "Domingão do Faustão" onde uma bailarina negra ostentando cabeleira que lembra o famoso chapéu da Guarda Real britânica se remexe em 1º plano.  Enquanto isso, Maria Júlia Coutinho dá as notícias no 'Jornal Hoje'.     Como não ficar indignado diante de tanta opressão e falta de oportunidades ????

    (No momento em que escrevo esse artigo, William Bonner  está com a voz embargada e os olhos úmidos, noticiando que um cidadão negro foi espancado e morto por 2 seguranças de supermercado no Rio Grande do Sul.  Muito triste, realmente.  Mas e quanto ao rapaz BRANCO que apanhou de um policial negro,levando coronhadas na cabeça, sendo insultado e ameaçado de morte, ninguém vai falar nada ?  Não, não vamos estragar um dia tão glorioso para a raça,né ?  Shhhhhhhh ! Psssssiuuu ......)

     Voltando ao ponto, vemos discursos apaixonados e lacrimosos como o do sr. Abdias do Nascimento, afirmando que "O movimento negro tem várias faces, mas sempre é uma continuidade da grande luta de libertação cujo maior líder e referência básica é Zumbi dos Palmares.",  convenientemente omitindo que Zumbi se considerava descendente legítimo de reis africanos e como tal, achava justo possuir escravos (tão negros quanto ele,obviamente) e um harém de mulheres totalmente submissas.  Ou do expoente intelectual do jornalismo brasileiro Glória Maria, que declara "Tudo é mais difícil para um negro. Você tem que provar 100 vezes que é o melhor.  É cansativo, duro, doloroso. Se você não tiver uma força extraordinária, não consegue passar por isso. Mas eu vim ao mundo para lutar. Sou uma guerreira !"  Sério mesmo, Chicória ? Sempre aprendi que os bons e os fortes se sobressaem naturalmente e que quem é realmente o melhor não precisa a toda hora repetir para si mesmo e para os outros, em uma forma patética de auto-afirmação, que chegou onde está sem favorecimentos.  Percebam que esse traste se preocupa mais em se valorizar e decantar a própria (in)competência do que incentivar outros negros a tentar carreira na Imprensa.  Ou seja, além de BURRA, FEIA PRA CACETE e TOTALMENTE DESCARTÁVEL, é HIPÓCRITA e ARROGANTE. Do contrário, não andaria cercada apenas de brancos, frequentando ambientes exclusivos e tratando funcionários - na sua maioria, tão NEGROS quanto ela - como lixo.  

E não poderíamos esquecer Santa Marielle Franco [genuflexão], com seu discursinho  hipócrita em favor das "mulheres negras e pobres",  sempre se omitindo em relação às centenas de mulheres faveladas humilhadas, torturadas e assassinadas pelo Tráfico - algumas, segundo consta,que pessoalmente lhe pediram ajuda e foram solenemente ignoradas.

     Alguém já notou como a Globo enaltece Lewis Hamilton ?  O nível de babação de ovos já ultrapassou todos os limites, estou vendo a hora em que Luís Roberto e Cléber Machado vão declarar no ar que tem pôsteres do inglês pregados no quarto / banheiro e que se masturbam diante deles todos os dias.  O nível de idolatria é tão grande que já superou as palhaçadas histéricas que Galvão Bueno fazia quando Airton Senna corria !  Tá certo,o cara é bom. Mas não esqueçamos que o mérito maior é da equipe que construiu e mantém um carro competitivo, dando chance a um piloto experiente de se destacar.  Sabem por que a emissora nunca pôs Michael Schumacher, Fernando Alonso e Sebastian Vettel no mesmo pedestal que esse sujeito ?  Porque são BRANCOS.  Homens brancos heterosexuais são usados para passar a imagem de demônios opressores pela cúpula da Rede Esgoto (apesar de todos nós imaginarmos a quantidade de homens brancos, nem todos heterossexuais, que dão as cartas neste ambiente) ,que entrou há anos na onda de idolatrar negros e na falta de ídolos suficientes, a fabricar seus próprios.  Vejam bem, não sou contra a valorização de negros e pardos que REALMENTE são bons, apenas penso que é atitude de canalhas botar no mesmo rol gente que não possui mérito algum, apenas pra agradar à turminha da lacração. Já ouvi comentários de que a Mídia bajula certos negros porque tem dívidas com vários setores do crime organizado e agindo assim, buscam agradar aos traficantes e sequestradores evitando ser usada como alvo.  Até que faz sentido se considerarmos a quantidade de "artistas" que defendem publicamente o consumo de drogas.

       Fico imaginando como a corja da lacração, tanto a nacional como a internacional, agiria se os papéis naquele episódio do norte-americano asfixiado pelos policiais fossem trocados: um branco sendo imobilizado por vários negros e tendo seu pescoço pisoteado. Muito provavelmente haveria comentários do tipo: "Nos EUA a polícia funciona, vagabundo se ferrou !" ou ainda "Boa coisa esse branquelo não fez , foi resistir à Lei e se deu mal."  Ou então silêncio completo, como nesse caso aqui:



  Outra coisa que mexe com minha imaginação é se algum dia haverá protestos contra a presença majoritária de negros em esportes como basquete e atletismo, principalmente nos EUA. Sim,pois se há reclamações contra o favorecimento racial em outros setores da sociedade,por que não no esporte ?  Brancos e amarelos também tem direitos, ou não ?  Se os "progressistas" exigem cotas, vagas reservadas e outras merdas para manter a "igualdade racial" em detrimento da meritocracia, então vamos botar o discurso deles em prática:  Fora LeBron James, fora Kevin Durant, fora Tyson Gay e outros negões que egoisticamente e desumanamente monopolizam os maiores salários do mundo das competições !  Oportunidades para todos, vamos botar uns branquelos amadores nos lugares de vocês !

                              Dançou, 'nigga' !  Opressor ! Supremacista !

 

  Falando em vitimismo e atletismo, vejam como seria interessante se um dia a "igualdade" se estendesse também às competições: O recorde mundial dos 100 metros rasos , 9,58 segundos, pertence a Usain Bolt.  Fazendo as contas, vemos que Bolt atinge a velocidade média de 10,43 metros por segundo.  Aplicando o argumento preferido da esquerdalha, o de que cotas são necessárias porque "não há oportunidades iguais para todos", vou desafiar o jamaicano para uma corrida com um handicap muito apropriado: ele partirá da linha de largada normal mas eu iniciarei na metade do caminho, na marca dos 50 metros, pois "não tive preparo adequado".  Minha velocidade é pouco mais do que a metade da dele, 5,30 metros/ segundo. Para fins práticos, suponhamos que os atletas mantém velocidade constante durante a prova: Aos 4,79 segundos de prova, Bolt estará na metade do caminho (50 metros) e eu estarei mais de 25 metros a frente dele (75,387 metros). Eu  terminarei a prova aos 9,43 segundos, ou seja, chegarei 0,15 segundos antes dele ou pra ser mais exato, cruzarei a linha de chegada com distância de 1,84 metros. Agora é subir ao pódio, receber a medalha de ouro e ter meu nome incluído no Guiness World Records !  Ridículo ?  Nem tanto ! Qualquer semelhança com a política de cotas NÃO é mera coincidência !

       Finalizando, um lembrete aos ABUTRES que manipulam a opinião pública e transformam todo e qualquer ato de violência em "racismo" e "discriminação":  TODAS AS VIDAS IMPORTAM: NEGRAS, BRANCAS, AMARELAS, PARDAS E QUALQUER OUTRA TONALIDADE QUE HOUVER. 

 PS:  Os vermes de costume - Gilmar Mendes, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre, Luís Roberto Barroso e outros da mesma qualidade - já estão usando a morte do cliente do Carrefour em Porto Alegre para seus discursos sujos e alegando que ele foi agredido apenas por ser negro.  Será que se fosse o Ronaldinho Gaúcho também seria sufocado até a morte ?  Ou se tivesse olhinhos azuis apanharia menos ? SERÁ ? SERÁ ?  OH, DÚVIDA CRUEL !!

domingo, 15 de novembro de 2020

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CLOROQUINA, HIDROXICLOROQUINA E COVID-19

 
             Antes de transcrever o artigo propriamente dito, faço um esclarecimento:  A pedido de um de nossos leitores, eu estava elaborando uma postagem para falar sobre a pandemia que assombra nosso futuro e das panacéias potencialmente perigosas que surgiram para combatê-la.  O que estava me incomodando era o grande problema em escrever algo que não fosse demasiado enfadonho (extenso e excessivamente técnico) e nem sucinto a ponto de deixar dúvidas para o leigo. Foi aí que me deparei com o artigo abaixo, magistralmente redigido pela já conhecida Dra. Natalia Pasternak e pelo jornalista Carlos Orsi, ambos membros do excelente blog Questão de Ciência.  Após lê-lo,não tive dúvida: era exatamente o que procurava escrever e não conseguia tanto por falta de tempo ( e paciência) quanto pelo excesso de material.

       Sem mais delongas, ei-lo:

 

  " Temos recebido muitas mensagens com dúvidas legítimas, informações equivocadas e provocações sobre o material que estamos publicando a respeito do uso da cloroquina (CQ) e hidroxicloroquina (HCQ) no tratamento da COVID-19. Aqui, um compilado das questões mais recorrentes – e nossas respostas.

Vamos lá:

Sobre a ação do medicamento

  1) Afirmação: A CQ e HCQ atuam impedindo a entrada de vírus na célula, alterando o pH do endossomo, que é o veículo usado pela partícula viral. Por isso, devem funcionar para COVID-19.   

 Provavelmente falso

O caminho de invasão da célula via endossomo existe, mas não é o único. Existe uma entrada por fusão de membrana – quando o vírus dispensa a “carona” do endossomo – para a qual o pH é irrelevante. Estudos mostram que essa entrada é a mais utilizada pelo SARS-CoV2. Isso pode explicar por que os testes sempre dão certo em cultura de células, mas nunca em animais e humanos. As células do trato respiratório têm características de membrana que facilitam a fusão, enquanto as células usadas para os testes de laboratório só oferecem ao vírus a via de endossomo.

 

2) Afirmação: Esses remédios já foram usados com sucesso para tratamento de outras viroses.  

  Falso !

A HCQ e CQ atuam com sucesso no tratamento de malária, que é causada por um protozoário, e não um vírus. E atuam também com sucesso em doenças autoimunes como lúpus e artrite reumatoide. Já foram testadas – e fracassaram—no tratamento de aids, dengue, influenza, chikungunya, ebola e SARS. Nos casos de chikungunya e ebola, esses medicamentos fizeram mal, aumentando o número de vírus e agravando os sintomas de ambas as doenças, em animais.

 

3) Afirmação: A CQ e HCQ apresentam ação imunomodulatória e, portanto, podem ser úteis na fase grave da doença, onde temos uma reação imune descontrolada.

Provavelmente falso

O mecanismo imunomodulatório existe, e é o que torna esses medicamentos úteis em doenças autoimunes, mas a aplicabilidade disso à COVID-19 é, na melhor das hipóteses, um chute. O uso de CQ e HCQ em pacientes graves, até agora, não parece ter apresentado resultados favoráveis. O efeito imunomodulador pode demorar semanas para se manifestar. Os protocolos para pacientes graves de COVID-19 utilizam HCQ por cinco dias. Pode ser que este prazo não seja suficiente para que o efeito imunomodulador faça diferença. Por outro lado, esse efeito pode ser indesejado em fases iniciais da doença, exatamente por deprimir o sistema imune, o que pode acabar favorecendo a replicação do vírus.

 

4) Afirmação: Os medicamentos apresentam ação anti-inflamatória, que pode ser útil na fase grave da COVID-19. 

Verdadeiro, mas irrelevante

O efeito existe, e pode ser útil, mas há diversos outros medicamentos no mercado com a mesma função, e menos efeitos colaterais. Não existe necessidade de usar CQ e HCQ como anti-inflamatórios, dadas as alternativas. 

 

5) Afirmação: Não funciona dar só a HCQ, precisa dar a azitromicina junto.

Falso !

O uso da azitromicina em associação com a HCQ começou baseado no primeiro estudo do pesquisador francês Didier Raoult, que usou o antibiótico para tratar infecções bacterianas secundárias, mas achou ter visto melhora em seis pacientes que usaram essa combinação. Ele chamou esse resultado de “100% de cura”. Só esqueceu de contar sobre os seis pacientes que também tomaram essa combinação e pioraram: três foram para UTI, e um morreu. O artigo científico que descreve os resultados de Raoult foi considerado de baixa qualidade até pelos responsáveis da revista que o publicou.

 

6) Afirmação: A combinação HCQ + azitromicina funciona porque, além do efeito antiviral da HCQ, o antimalárico atua numa estrutura interna da célula, o ribossomo, impedindo a produção de proteínas de que o vírus precisa, e a azitromicina na mitocôndria, deixando o vírus sem energia para se multiplicar.

Absurdo !!

Esses conceitos absurdamente errados, que deveriam matar de vergonha qualquer segundanista de faculdade de Biologia, foram apresentados ao público brasileiro pelo virologista Paolo Zanotto, e depois propagados pela médica Nise Yamaguchi. Os proponentes mostram total ignorância de biologia celular. A HCQ não atua no ribossomo da célula. A azitromicina, como outros antibióticos do mesmo tipo, atua em ribossomos de bactérias, mas não de células do corpo humano. A mitocôndria apresenta, de fato, ribossomos similares aos da uma bactéria, mas está bem protegida dentro da célula. E caso o antibiótico realmente conseguisse fazer estrago nas células humanas, quando usado nas mesmas concentrações em que é usado para matar bactérias, não seria um antibiótico e sim um veneno potente.

 

Efeitos colaterais:

1) Afirmação: Esses remédios são usados há anos para outras doenças, tem gente que usa a vida inteira, e de repente vocês aí estão dizendo que faz mal.

Fora de contexto

Os efeitos colaterais são conhecidos para malária, lúpus e artrite reumatoide, justamente porque os medicamentos passaram por testes clínicos. Sabemos a dose adequada, a frequência de uso e quais efeitos acompanhar. Efeitos comuns incluem arritmia cardíaca, perda de visão, perda de audição e problemas no fígado. Pacientes que fazem uso contínuo são acompanhados, e se houver qualquer alteração crítica, a medicação é trocada. Além disso, a dose utilizada por pacientes autoimunes é menor do que a dose empregada atualmente para COVID-19.

Os efeitos desses remédios para pessoas acometidas por uma doença infecciosa grave nunca foram estudados. O organismo de uma pessoa em estado grave de COVID-19 não é o mesmo de alguém infectado por malária, ou em tratamento para lúpus. A interação com outros medicamentos comuns no tratamento de suporte da COVID-19 nunca foi estudada. Diabéticos, por exemplo, são grupo de risco para COVID-19, e podem estar fazendo uso de metformina. Estudos em camundongos mostraram que administrar CQ com metformina matou 30% dos animais. A administração conjunta com azitromicina nunca foi testada. A azitromicina também provoca arritmia cardíaca, além de diarreia, que por sua vez leva à desidratação. Assim, estaríamos dando dois medicamentos que atacam o coração para pacientes com o coração já fragilizado, uma vez que o próprio vírus também causa arritmia. Estamos empilhando fatores de risco ao combinar essas medicações nesses pacientes.

 

2) Afirmação: o mundo inteiro está usando e curando pessoas e vocês aqui falando de efeitos colaterais!

Falso

Não há nenhum sinal de que a CQ e HCQ estejam funcionando no resto do mundo, para além de relatos esparsos ou bravatas de médicos e políticos que anunciam curas sem apresentar dados. Mas há relatos bem embasados e estudos que demonstram efeitos colaterais graves, como paradas cardíacas e arritmias. Reportagem do Le Monde, na França, citando autoridades sanitárias do país, contabilizou 56 eventos cardíacos graves, sete paradas cardíacas (quatro mortes), trinta e sete casos de prolongamento de QT (uma falha no ritmo do coração), e de casos de arritmia com síncope. Hospitais na Franca e Suécia já estão parando de usar esses medicamentos por causa destes efeitos colaterais sérios.

 

3) Pergunta: Vocês preferem deixar morrer do que dar um remédio não testado?

Absurdo !!

Se o remédio tem grande chance de acelerar a morte, e nenhuma comprovação de benefício, “deixar de dar” não é deixar morrer, é evitar que o paciente seja jogado numa roleta russa. O paciente não está abandonado à própria sorte, está recebendo tratamento e medicamentos de suporte, e a maior parte deles se recupera. Fica a contra-pergunta: você daria um remédio que você não sabe se ajuda, mas que tem uma chance bem concreta de matar o paciente do coração?

 

4) Afirmação: Se fosse sua mãe ali, morrendo de falta de ar como um peixe fora dágua, vocês iam correr pra dar o remédio!

Falso e ridículo !

Numa situação de desespero como a descrita na pergunta, muitas pessoas talvez até aceitassem óleo de cobra com pó de pirlimpimpim e ovo de pata. O tratamento aí é para a angústia da família, não para a condição do paciente. Mas se, como no caso da HCQ/CQ, não houvesse nenhuma razão para achar que o remédio vai fazer bem, nós, particularmente, não usaríamos. A prioridade é cuidar do doente de modo respeitoso e responsável, não usá-lo como bucha de canhão, só para aliviar o desconforto emocional dos parentes ou dos profissionais de saúde.

 

Sobre os protocolos

1) Afirmação: Não está funcionando porque estão dando para pacientes graves e o certo é dar no começo da doença.

Falso

Vejam, nas respostas anteriores, os possíveis efeitos do remédio. Poderia funcionar na fase grave pela ação imunomodulatória e anti-inflamatória, mas esses efeitos não foram realmente observados e nem estudados contra a COVID-19, são só possibilidades teóricas. Para funcionar na fase inicial, teria que ter ação antiviral e impedir a replicação do vírus. Isso é pouco provável: CQ e HCQ já foram testadas para outras viroses como AIDS, SARS, febre chikungunya, ebola, dengue e influenza. Nunca funcionaram. Para ebola e chikungunya, pioraram a doença, aumentando a replicação do vírus.

De resto, ficar mudando a alegação cada vez que os fatos contradizem o que se deseja provar – uma hora a HCQ é a salvação dos doentes graves; quando isso não funciona, passamos para os moderados; e quando isso não funciona de novo, vamos para quem está nos estágios iniciais da doença – soa mais como aglomeração desesperada de desculpas esfarrapadas do que pesquisa científica séria.

 2) Afirmação: O Prevent Senior curou centenas de pessoas com o protocolo de uso precoce, nas fases iniciais.

Improvável

A única fonte dessa informação é o próprio Prevent. Nenhum dado confiável, verificado por partes desinteressadas em fazer marketing para o grupo, foi divulgado até agora, mas seguimos aguardando. Até termos uma publicação científica, tudo o que sabemos é que a rede Prevent Senior também disponibilizou o medicamento para pacientes com suspeita de COVID-19, por atendimento remoto e entrega do remédio em domicílio. Em muitos casos, o diagnóstico nem foi confirmado. Temos aí dois problemas sérios: não sabemos se quem tomou o remédio e melhorou estava realmente doente com COVID-19, e mesmo que estivesse, como a taxa de recuperação da doença, sem tratamento nenhum, é muito alta – 90% se recuperam sem internação – não sabemos se a HCQ contribuiu de fato na melhora desses pacientes.

 

3) Afirmação: Todos os hospitais estão usando esse protocolo precoce, até o Albert Einstein.

Falso

O hospital Albert Einstein já negou essa afirmação em público. Eles fazem apenas uso em pacientes graves, na UTI, e ainda não divulgaram resultados.

 

Conspirações

1) Afirmação: Ciência não é tudo! A intuição e a experiência pessoal dos médicos é mais importante.

Completamente falso

Médicos são seres humanos, tão vulneráveis a vieses ideológicos e a embarcar em falsas esperanças quanto o restante de nós. O método científico é, exatamente, a ferramenta que temos para reunir uma grande quantidade de experiências de modo lógico e ver, uma vez eliminados os vieses a as ilusões, o que resta. Ele nem sempre funciona como deveria, mas descartá-lo é como optar por um tapete voador só porque aviões, às vezes, caem. E, de qualquer modo, há muitos médicos relatando que a HCQ não deu certo contra a COVID-19 (um exemplo aqui e outros, aqui e aqui).

 2) Afirmação: Vocês são esquerdopatas que querem esconder a cura da COVID-19 só para prejudicar o Bolsonaro!

Falso e risível

Abstraindo o fato de que o atual presidente da República não precisa da ajuda de ninguém para se prejudicar, em uma pandemia de escala mundial, não haveria como “esconder a cura”: se algum remédio – HCQ, HCQ+AZ, ou qualquer outro – realmente estivesse já em posição de fazer uma diferença definitiva, estaríamos vendo isso acontecer em alguma parte do mundo. Pelo contrário, mesmo países que, de início, abraçaram a HCQ, como EUA e França, não viram qualquer benefício.

 3) Afirmação: Quando provarem que o remédio funciona, vocês vão ficar com a cara no chão.

Falso !

Se evidências robustas mostrarem que o medicamento funciona, e que o benefício é maior do que o risco, ficaremos muito felizes. A ciência não é uma disputa entre artigos de fé: reflete justamente a habilidade de mudar de ideia diante da evolução das evidências.

 

'Mas eu quero mesmo assim!'  (a.k.a. 'Mimimi Never Ends')

 

Afirmação: Conheço pessoas que tomaram e melhoraram por causa da cloroquina.

Insustentável

Você conhece pessoas que tomaram o remédio e depois se recuperaram da doença. Elas podem ter atribuído a recuperação ao remédio, mas não temos como saber se estão certas. Em casos leves, o remédio pode não ter feito a menor diferença, e a pessoa teria se recuperado de qualquer maneira. Em casos graves, a mesma coisa. E o paciente grave estará recebendo diversos outros medicamentos, como corticoides, anti-inflamatórios e anticoagulantes. Não há razão para achar que, nesse cenário, a cloroquina tenha feito alguma diferença crucial. Pelo contrário, pode até ter atrapalhado. A única maneira de saber se a HCQ e azitromicina tiveram efeito é comparar um grupo que a utilizou com um grupo que não o fez. 

 

Afirmação: Se você não quer não tome, eu tomo o que eu quiser.

Parcialmente verdadeiro

médico pode prescrever e você pode tomar. Isso se chama uso off-label da medicação, o uso para uma finalidade diferente daquela para qual o remédio foi aprovado. Isso é decidido pelo médico. Mas quando se fala em incluir um novo medicamento num guia de procedimentos médicos aprovado pelo governo, ou de uso no SUS, aí já não se trata mais de decisão individual. Estamos falando de produção em massa, gasto de dinheiro público e pressão legal e institucional sobre profissionais de saúde. E estamos falando de dar um remédio que pode ser perigoso, e não trazer benefício nenhum, para milhões de pessoas. O hospital que detectou problemas cardíacos na França e parou de usar tinha capacidade para fazer eletrocardiogramas em todos os pacientes, mais de uma vez ao dia. O Brasil não tem condições de fazer isso na rede pública. 

 

Afirmação: Estamos em guerra, então vale tudo!

Falso

Se estamos em guerra ( e essa é uma metáfora ruim, por vários motivos), o que menos precisamos é de fogo amigo. Um remédio que pode matar pacientes e que não traz benefícios claros não ajuda em nada. Já cometemos esse erro no surto de ebola: Usamos de tudo, não testamos nada direito e, com isso, não ajudamos ninguém e até hoje é impossível afirmar se os remédios testados, no desespero, funcionam ou não contra essa doença."

 

 

Natalia Pasternak é pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência

Carlos Orsi é jornalista e editor-chefe da Revista Questão de Ciência

Artigo original:   https://www.revistaquestaodeciencia.com.br/2020/04/10/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-hidroxicloroquina

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE AS VACINAS PARA COVID-19

 

                            Por Natalia Pasternak e Gustavo Cabral de Miranda

   " O público brasileiro – provavelmente, toda a Humanidade – nunca acompanhou tão de perto o processo de desenvolvimento e teste de vacinas como agora, durante a crise global gerada pelo vírus SARS-CoV-2. Com isso, surgem curiosidades, dúvidas e temores que o pouco que se aprende sobre vacinações na escola não dá conta de resolver.

   A lista de perguntas e respostas abaixo tem por objetivo satisfazer muitas dessas curiosidades, dirimir dúvidas, expor quais temores são – ou não – justificados e mostrar como navegar essa paisagem que é tão nova para todos os que não são profissionais de microbiologia, imunologia e outras áreas altamente especializadas.

Um esforço especial foi feito para reduzir ao máximo o uso de termos excessivamente técnicos e evitar que as explicações se perdessem nas complexidades do funcionamento do sistema imune – que é fascinante e merece um tratamento à parte.

Como funciona uma vacina?

Todas as vacinas seguem uma mesma lógica básica: “enganar” o sistema imune, apresentando-lhe algo que seja inócuo, mas que desencadeie uma reação eficaz contra o agente infeccioso, o vírus ou bactéria, que se pretende combater. Isso pode ser feito com os próprios microrganismos inativados (mortos), atenuados (enfraquecidos), com pedaços do microrganismo, ou mesmo apenas com a informação genética do microrganismo. Se a estratégia funcionar, o sistema imune “acredita” que o microrganismo está lá, e monta uma resposta imune como se enfrentasse uma infecção de verdade. Isso gera o que chamamos de memória imunológica. Desta forma, o corpo fica preparado para reagir rapidamente quando se encontrar, de fato, com o agente infeccioso. Qualquer agente – vírus, bactéria, molécula, pedaço de molécula – que chame a atenção do sistema inume recebe o nome de “antígeno”. O processo de vacinação consiste em introduzir no organismo antígenos que não causem doenças, mas que o preparem para reagir com eficiência aos que causam.

 

Quais tipos de vacinas estão sendo testadas contra COVID-19?

Existem várias estratégias de vacinas sendo testadas para COVID-19. Podemos classificar as vacinas por geração, de acordo com a tecnologia utilizada.

Vacinas de primeira geração 

São as mais antigas, e já fazemos vacinas assim há mais de 70 anos. São as vacinas que usam microrganismos inativados e microrganismos atenuados, que não induzem doenças, mas estimulam o sistema imune. Essas vacinas são fáceis de obter, basta cultivar o vírus ou bactéria e em seguida inativá-lo com algum produto químico ou calor. No caso das atenuadas, é preciso reproduzir o microrganismo várias vezes, até encontrar uma variante que não cause doença. Algumas vezes dá para usar um microrganismo semelhante ao desejado, que causa doença em animais e não em humanos. Foi assim no caso da varíola, e da tuberculose. A vacina de varíola foi feita com uma linhagem de vírus de varíola de vaca, e a de tuberculose, a BCG, com uma bactéria de vaca também. Entre as vacinas atenuadas no calendário vacinal temos a MMR, a tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, a da catapora, e a de febre amarela. Das vacinas inativadas podemos citar a vacina da raiva, e da gripe.

Existem várias estratégias de vacinas para COVID-19 usando estas técnicas. A vacina da Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, é um exemplo de vacina inativada. As vantagens incluem ser uma técnica conhecida, e fácil de usar. Além disso, vacinas inativadas costumam ser seguras e não apresentar efeitos colaterais graves. As desvantagens são ter que trabalhar com o vírus inteiro, o que torna necessário a construção de laboratórios de segurança máxima. O rendimento de doses por litro também é baixo. Com isso, o investimento para ampliar a produção é alto. Outra desvantagem é que dificilmente uma vacina inativada estimula por completo o sistema imune, e por isso precisam de adjuvantes, que são substâncias usadas para intensificar a resposta inflamatória e recrutar mais células do sistema imune. As vezes também precisam de mais doses.

 

Vacinas de segunda geração

Essas vacinas já não usam o microrganismo inteiro, mas apenas pedaços. São chamadas vacinas de subunidades, e vão desde vacinas mais antigas que usam toxinas desnaturadas – chamadas toxoides, como a vacina de tétano, por exemplo –, até vacinas muito modernas, que usam proteínas purificadas. Essas proteínas representam apenas um pedaço do microrganismo. Muitas vacinas para COVID-19 usam por exemplo, a proteína Spike (S) inteira. Essas são as proteínas com formato de coroa que recobrem o vírus. Ou mesmo só uma pequena porção dessa proteína. Mas apenas isso não é suficiente para que o sistema imune reaja bem. Essas proteínas também requerem, portanto, algum apoio, sejam adjuvantes ou outras tecnologias, como nanopartículas. Um exemplo bem estudado é o uso de VLPs (Virus Like Particles) ou partículas semelhantes ao vírus, que nada mais são do que um vírus de mentira, um “esqueleto” do vírus que exibe as proteínas de superfície. Têm cara de vírus, têm jeito de vírus, mas não são o vírus.

Como trabalham só com partes dos microrganismos, essas vacinas são extremamente seguras. Exemplos de vacinas à base de VLPs que estão no nosso calendário são as de hepatite B e de HPV. Para COVID-19, as empresas Novavax e Medicago estão desenvolvendo vacinas de proteínas, e aqui no Brasil, um de nós (Gustavo Cabral de Miranda), vem desenvolvendo uma estratégia para COVID-19 usando VLPs, assim como para outros patógenos, como chikungunya e zika.

 

Vacinas de terceira geração

São as vacinas genéticas e as vacinas vetorizadas. São técnicas modernas, e, no caso das genéticas, que ainda nem chegaram ao mercado. Ambas são baseadas em informação genética, mas usam estratégias diferentes.

As vacinas vetorizadas utilizam vírus vivos, mas incapazes de causar doença porque são inofensivos e/ou enfraquecidos. Esses vírus são usados como vetor – veículo, uma casca – que carrega uma sequência genética que codifica uma proteína do vírus que realmente interessa. No caso da COVID-19, um vetor viral carrega uma sequência do SARS-CoV-2, por exemplo, os genes que produzem a proteína S.

A maioria das estratégias pra COVID-19 usa um tipo de vírus chamado adenovírus como vetor. A empresa Cansino, o Instituto Gamaleya da Rússia e a J&J usam adenovírus humanos, e a AstraZeneca/Oxford usa um adenovírus de macaco. Já a Merck pretende usar o vírus do sarampo atenuado, exatamente como temos na vacina do sarampo. Esses vetores podem ser replicativos, ou seja, capazes de se replicar dentro das nossas células, ou não. As vantagens das vacinas vetorizadas são, como as de proteínas, não requerer o microrganismo inteiro, usam-se apenas sequências genéticas. Também são muito versáteis. O mesmo vetor pode ser utilizado para diferentes vacinas, basta trocar os genes “embarcados”. A desvantagem é que só existe uma vacina de vetor viral aprovada no mercado (para ebola), ou seja, trata-se de uma tecnologia muito nova, cujos efeitos colaterais de longo prazo são desconhecidos.

As vacinas genéticas, de DNA ou mRNA, usam só informação genética. Não trabalham com organismos vivos ou mortos. A ideia, neste caso, é transferir a informação que codifica uma proteína do microrganismo de interesse para dentro da célula humana, e deixar a própria maquinaria celular fazer todo o trabalho. A partir da informação, a célula produz a proteína de interesse e a apresenta para o sistema imune. No caso do DNA, utiliza-se um plasmídeo (uma estrutura circular de DNA) para levar a informação genética até as células do corpo humano. Já as moléculas de mRNA vão dentro de um veículo, uma cápsula de gordura.

Ambas são muito fáceis de produzir, não precisam de laboratório especial, são rápidas, baratas, e rendem muitas doses por litro. Também, como as de vetor, são versáteis, e podemos mudar de doença como quem muda de roupa, simplesmente trocando os genes. As vacinas de DNA são mais estáveis e fáceis de armazenar e transportar, mas são mais difíceis de aplicar. Em geral, precisam de um aparelho chamado “eletroporador”, que vai dar pequenos choques elétricos na pele, abrindo canais nas células por onde o DNA pode entrar. Esses aparelhos não são de uso comum em postos de saúde, e são caros. Já as de mRNA podem ser injetadas normalmente com seringa, no músculo, mas o mRNA é uma molécula frágil que precisa ficar protegida de luz e calor. Algumas vezes precisa de temperatura de -20º C ou até -70º C, o que não é trivial para transporte e armazenamento. Não temos nenhuma vacina genética no mercado ainda, mas aprovar qualquer uma delas será um marco na história das vacinas.

A Inovio está produzindo vacina de DNA, e a Moderna e a Pfizer, de mRNA. No Brasil, o Instituto de Ciências Biomédicas da USP está desenvolvendo vacinas de DNA e mRNA.

 

Qual vacina tem mais chance de funcionar?

Todas as tecnologias são promissoras, e várias vacinas para COVID-19 já estão em fase 3, ou seja, já passaram pelas fases 1 e 2, de segurança e marcadores de imunidade. Mostraram que são seguras a curto prazo, e capazes de induzir resposta imune. Na fase 3, serão testadas para eficácia, ou seja, para ver se funcionam mesmo, e se conferem proteção. Todas têm chance de funcionar na fase 3. Mas pode acontecer de uma ser melhor para idosos, e outra só funcionar em jovens. Pode ser que uma seja dose única e outra precise de duas ou três doses. Pode ser que uma seja mais eficaz, e proteja mais pessoas do que outra. Isso só saberemos testando.

 

Uma vacina funciona igual para todo mundo?

Não. A mesma vacina pode funcionar muito bem em crianças e jovens, mas não em idosos, por exemplo. Nosso sistema imune muda com a idade, e a resposta às vacinas, também. Pessoas imunossuprimidas não devem tomar vacinas de vírus vivos, por exemplo. Para estas, é melhor vacinas inativadas ou de subunidades. Tudo isso precisa ser levado em conta quando montamos as campanhas de vacinação.

 

Quais são as fases de teste de uma vacina?

A primeira fase é a pré-clínica, onde testamos as vacinas em animais. Geralmente roedores (camundongos, ratos, hamsters) e macacos. Nos animais, investigamos se a vacina faz mal, se causa algum efeito colateral grave, e se provoca resposta imune. Vacinamos os animais, esperamos, e após um ou dois meses, fazemos o “desafio”. O desafio consiste em inocular nos animais o microrganismo, no caso, o SARS-CoV-2, e checar se a vacina impediu a doença, e também se evitou que o vírus infectasse as células dos animais. Se tudo correr bem, passamos para os testes clínicos em humanos, que são divididos em quatro fases.

Na fase 1, testamos toxicidade e efeitos colaterais, em algumas dezenas de voluntários jovens e saudáveis. Não estamos preocupados ainda em ver se a vacina funciona. É só para ver se não faz mal a ninguém.

Na fase 2, testamos algumas centenas de voluntários, e já buscamos dividir por faixas etárias. Checamos marcadores de imunidade, para saber se a vacina é capaz de provocar uma reposta no organismo. Uma boa vacina deve provocar ao menos uma boa resposta de anticorpos. Mas isso não mostra nada sobre eficácia. Mesmo provocando uma boa resposta, a vacina pode não funcionar na prática, e não conferir proteção contra a doença.

Na fase 3, aí sim testamos eficácia. Agora, queremos saber se a vacina funciona, em milhares de voluntários, de uma população diversa. Dividimos os voluntários em grupos: um grupo recebe a vacina de verdade, o outro recebe um placebo. Pegamos esses grupos e “devolvemos” essas pessoas à sociedade, onde elas estarão expostas ao agente causador da doença, junto com o resto da população, e aguardamos para ver se, no grupo vacinado, o número de pessoas que acaba pegando a doença é significativamente menor do que no grupo placebo.

Se a doença para de circular, não temos como completar o teste. Não podemos fazer “desafios” em seres humanos, como fazemos para animais, a não ser em condições muito específicas. Nem todos os países permitem desafios em humanos. A legislação brasileira, por exemplo, proíbe. Nos Estados Unidos e Reino Unido, permite-se, mas numa base caso a caso. Para COVID-19, o desafio será permitido no Reino Unido, em ambiente altamente controlado, e por se tratar de uma emergência mundial.

Cada vez que um membro dos grupos tratamento ou placebo fica doente, registra-se um “evento”. Por isso, dizemos que vamos concluir a fase 3 após registrar um número de eventos que permita fazer uma comparação estatística entre os grupos envolvidos no teste. Isso pode demorar mais ou menos, dependendo de como a doença está circulando, e por isso não podemos colocar data de encerramento da fase 3. Ela acaba quando atingirmos o número de eventos necessários para que possamos calcular sua eficácia.

A eficácia será estimada em porcentagem de pessoas protegidas, por isso dizemos que tal vacina tem eficácia de 70%, por exemplo. Quer dizer que a vacina protegeu 70% das pessoas vacinadas. Para COVID-19, a FDA, agência federal regulatória dos Estados Unidos, considera aceitável uma vacina com pelo menos 50% de eficácia. A OMS considera aceitável uma vacina contra a COVID-19 que consiga induzir pelo menos 70% de proteção, mas já aceita, assim como a FDA, uma vacina que induza no mínimo 50% de proteção.

Para além do porcentual, outros fatores que precisam ser abordados são o tempo de proteção e o regime de vacinação. Por exemplo, de acordo com a OMS, idealmente uma vacina precisa proteger por pelo menos um ano. Porém, contra a COVID-19, já é aceita uma proteção mínima de seis meses. O regime de vacinação ideal é de uma dose ou, no máximo, duas: se uma vacina terá de imunizar bilhões de pessoas, estruturalmente será quase impossível vacinar tanta gente mais de duas vezes, num intervalo de poucos meses.

Se a vacina mostrar eficácia em fase 3, ela é liberada para o mercado. As pessoas vacinadas seguem sendo acompanhadas, para garantir que não haja nenhum efeito colateral a médio e longo prazo. Efeitos adversos raros podem aparecer só depois de vacinarmos milhões de pessoas.

 

Fazer vacinas tão rápido como agora é perigoso?

Não, se todas as etapas forem respeitadas. O que não se pode é pular etapas. Algumas empresas juntaram as fases 1 e 2, para ganhar tempo. Mas não pularam nenhuma. O estado de emergência justifica a pressa, mas não o descuido que poderia colocar vidas em risco. Fazer vacinas em dois anos já é um tempo recorde, apressar mais do que isso seria irresponsável, assim como liberar vacinas antes de completar a fase 3, como alguns países estão fazendo.

 

Pode acontecer de nenhuma vacina funcionar para COVID-19?

Pode, mas é improvável. Temos muitas vacinas, com tecnologias diferentes, sendo testadas, e pelo menos uma delas, mais provavelmente algumas, deve funcionar. É preciso ter em mente, no entanto, que as primeiras vacinas não serão necessariamente as melhores. Pode ser que a eficácia seja baixa, pode ser que não funcionem bem em alguns grupos – idosos, por exemplo –, pode ser que sejam muito difíceis de transportar. Mas logo atrás, vêm outras.

 

Quantas doses de vacina serão necessárias para COVID-19?

Depende da estratégia vacinal que está sendo usada, e da capacidade das vacinas de provocar uma resposta imune robusta. Vacinas inativadas e de subunidades costumam precisar de mais doses, e vacinas vivas, de vetores, menos. Mas isso está longe de ser uma regra fixa. No caso da COVID-19, quase todas as vacinas em desenvolvimento vão precisar de duas doses. Até agora só duas empresas, J&J e Merck, estão tentando criar um produto de dose única.

 

Vacinas podem fazer mal?

Vacinas só são licenciadas para uso humano depois de passar por todas as etapas de teste e avaliação e se mostrarem extremamente seguras. E mesmo após uma vacina conseguir a aprovação das agências responsáveis para autorizar o uso humano, há um acompanhamento para detectar eventuais efeitos nocivos de longo prazo, ou muito raros. Qualquer efeito adverso que possa ser relacionado com a vacina chama a atenção dos órgãos responsáveis, que lançam uma investigação.

 

Vacinas contêm produtos tóxicos?

Não! Definitivamente não!

Todos os componentes que entram numa vacina são testados de forma exaustiva. Além do princípio ativo, vacinas podem conter conservantes (para evitar que a vacina estrague ou seja contaminada) e adjuvantes. O adjuvante é um material que incentiva a reação do sistema imune – ele amplifica o efeito da vacina. Os mais usados em seres humanos são aqueles à base de alumínio. A segurança desse componente foi estabelecida em inúmeros estudos, e ele vem sendo usado em formulações vacinais por décadas. Porém, por não apresentar uma eficácia suficiente para proteger contra organismos mais complexos, existe a necessidade de desenvolver novas tecnologias.

Outro composto que já foi acusado de toxicidade é o conservante timerosal. Por ser um uma molécula que contém o elemento químico mercúrio, ele é às vezes associado, na imaginação popular, ao metal mercúrio, que é tóxico. Mas, sob a forma de timerosal, o mercúrio não se acumula no corpo humano. Além disso, as quantidades utilizadas são absurdamente pequenas, muito menores do que a quantidade de mercúrio permitida na água que bebemos. Por fim, somente algumas vacinas ainda usam timerosal como conservante. O produto começou a ser deixado de lado em 2001.

Ouvi dizer que o problema não é a vacina em si, mas que são muitas vacinas no calendário vacinal, e essa quantidade enorme de antígenos, de uma vez, sobrecarrega o sistema imune das crianças e pode ser tóxico.

Falso. Somos naturalmente expostos a milhares de antígenos desde o nascimento. As vacinas do calendário contribuem com aproximadamente 300 antígenos durante os primeiros dois anos de vida, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA. Esses antígenos usariam mais ou menos 0,1% do sistema imune, e as vacinas mais modernas usariam menos ainda, porque contêm apenas pedaços dos micro-organismos.

 

É verdade que vacinas são feitas em tecidos de fetos humanos abortados?

Mentira! Primeiro, como vimos, existem diversas maneiras e estratégias para desenvolver uma vacina: qualquer afirmação que tente dizer algo sobre “todas as vacinas”, portanto, tem uma enorme chance de estar errada.

Mas, então, de onde vem a história dos fetos? Vale lembrar que, para desenvolvermos um composto para uso humano, muitas vezes torna-se necessário testes em células com características humanas. Há uma linhagem celular chamada “Células HEK” (Human Embryonic Kidney) que traduzindo significa "células de rim embrionário humano". Essas células são muito utilizadas, desde a década de 1970, para produção de componentes vacinais, por exemplo proteínas. Mas não quer dizer que estamos utilizando fetos abortados para obter células e usar para produzir vacinas. Apenas usamos, entre outros meios de produção, células que descendem de células isoladas, há quase meio século, de um embrião humano.

 

Quanto tempo a vacina vai durar? Vai ser preciso tomar todo ano, como a da gripe?

De acordo com a OMS, uma vacina precisa proteger por pelo menos um ano. Mas, frente à crise da pandemia, já se considera aceitável uma vacina que possa proteger por, no mínimo, seis meses.

Ainda não é possível saber com qual periodicidade será preciso tomar a vacina para COVID-19. Talvez uma vacinação só baste para a vida toda, talvez não. Precisamos esperar primeiro as estratégias vacinais anti-COVID-19 que serão licenciadas para uso humano. Com isso, saberemos a capacidade de induzir proteção dessas vacinas, se serão capazes de produzir memoria imunológica e por quanto tempo.

 

Quem já teve COVID-19 vai precisar tomar vacina?

Provavelmente não, pois em teoria uma pessoa que foi infectada com o SARS-CoV-2 adquire imunidade para se proteger de uma segunda infecção. Essa é chamada vacinação natural. Mas com notícias aparecendo sobre reinfecções, essa possibilidade precisará ser avaliada por uma comissão técnica para decidir as estratégias a serem utilizadas.

 

Se tiver mais de uma vacina disponível, eu posso tomar mais de uma?

O recomendado é que não. A pessoa vai tomar a vacina que melhor encaixar para sua faixa etária e obter as melhores características que cada vacina pode proporcionar. Para estudos futuros, poderão aparecer experimentos que testem se uma vacina pode complementar a outra. Por exemplo, em uma primeira dose pode utilizar uma vacina inativada e em uma segunda dose uma vacina de DNA, ou seja, haverá futuros testes que possam combinar e obter o melhor de cada formulação. Mas, até obtermos esses resultados, não é recomendado a pessoa procurar se vacinar com todas as vacinas que aparecerem (mesmo que sejam só duas), para evitar qualquer imprevisto.

Assim que tiver vacina, acabou a pandemia?

Não. Vacinas aprovadas não se transformam automaticamente em vacinas no posto de saúde, disponíveis para toda a população. É preciso escalar a produção, e para isso, fábricas precisam ser construídas ou ampliadas. Depois, é preciso produzir frascos para envasar todas essas doses, e seringas para aplicar. Arranjos de armazenamento e transporte precisam ser feitos, e cadeias de frio precisam ser criadas, com as temperaturas adequadas para cada vacina. Uma vacina que precisa de freezer -70º C, por exemplo, pode ser inviável para um país como o Brasil, onde há regiões onde o próprio abastecimento de eletricidade é irregular. Depois de toda a logística ajustada, precisa-se criar as campanhas de vacinação. Escolher os grupos prioritários, treinar agentes de saúde, fazer as campanhas publicitárias. Tudo isso leva tempo e precisa de planejamento estratégico. Além disso, demora para vacinar 200 milhões de pessoas. A campanha da gripe, só no estado de SP, precisou de três meses para vacinar 14 milhões, isso porque é uma vacina já conhecida e disponível no SUS."

 

Natalia Pasternak é pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, presidente do Instituto Questão de Ciência e coautora do livro "Ciência no Cotidiano" (Editora Contexto)

Gustavo Cabral de Miranda é doutor em imunologia e pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP